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Não há plano B para crise migratória, diz Merkel

29 de fevereiro de 2016

Em entrevista, chanceler federal alemã diz que política migratória do governo é um caminho difícil, porém, o mais lógico, e rechaça ameaças à democracia. Ela voltou a defender a cooperação com a Turquia.

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Angela Merkel bei Anne Will
Foto: picture-alliance/dpa/R. Jensen

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que não haverá mudanças na política migratória do país. "Não há razão para acreditar que podemos resolver o problema com o fechamento unilateral das fronteiras", disse a chefe de governo, em entrevista à emissora pública ARD exibida no domingo (28/02).

Segundo Merkel, "não há plano B". Ela se disse convencida de que está no caminho certo em relação aos esforços para redistribuir os refugiados na Europa, ao mesmo tempo em que tenta lidar com as causas que levam milhares de pessoas a migrar para o continente.

A chanceler afirmou que é necessário cuidar para que um número menor de requerentes de asilo chegue ao país, mas assegurou que a estratégia do governo é a única realmente lógica. Ela admitiu preocupação com as disputas entre os Estados-membros da União Europeia (UE) sobre a questão, e disse que é necessário evitar um rompimento entre os europeus.

"Caminho difícil"

Merkel admitiu que lidar com a crise migratória é um "caminho difícil", mas ressaltou que está em jogo a reputação da Alemanha no mundo. "Esta é uma fase muito importante em nossa história", afirmou.

"Há muita violência e dificuldades bem à nossa porta", observou. "Qual seria a atitude correta da Alemanha, em longo prazo? Acho que, nesse caso, seria manter a Europa unida e demonstrar humanidade."

Merkel rejeitou a sugestão de que os recentes protestos violentos e atos de hostilidade contra os refugiados pudessem gerar ameaças à democracia, da forma como ocorreu durante a República de Weimar – após a Primeira Guerra Mundial, um período de três anos de hiperinflação, que durou até 1924 e gerou uma forte instabilidade política no país.

"Não acredito nisso", rechaçou Merkel. Ela, porém, disse que é importante levar a sérios os alertas: "[Minha função] é resolver problemas para que possamos defender nossos valores."

Ao comentar sobre o que chamou de "ataques devastadores" às mulheres durante o réveillon em Colônia, atribuído por muitas das vítimas a homens de aparência árabe ou norte-africana, a chanceler afirmou que "as regras [para os refugiados] devem ficar claras dede o início". "A integração não é apenas um assunto benévolo."

Turquia e Grécia

A chanceler voltou a destacar o papel da Turquia para deter o fluxo de migrantes para a Europa. Ela destacou a importância das negociações com o país marcadas para a próxima semana – que visam melhorar o apoio aos refugiados –, assim como da conferência sobre a crise migratória, dez dias mais tarde. Merkel disse que, se as conversações fracassarem, a única alternativa será trabalhar ainda mais para encontrar uma solução.

Ao ser indagada sobre a crise migratória na Grécia, onde milhares de refugiados foram barrados na fronteira com a Macedônia, Merkel afirmou: "Não podemos abandonar esse país." Ela disse que a Grécia não foi mantida na UE apenas para que fosse jogada em uma situação caótica. "A crise financeira internacional representou um grande desafio. Conseguimos lidar bem com ela.", reiterou a chanceler.

A coalizão governista de Merkel vai enfrentar a primeira eleição desde a o início da crise migratória, quando cidadãos de 16 estados vão às urnas para eleger os Lesgislativos regionais, no dia 13 de março.

RC/dpa/afp/rtr/ard