Novas sanções dos EUA atingem filhas de Putin
6 de abril de 2022Uma nova rodada de sanções imposta pelos Estados Unidos contra a Rússia nesta quarta-feira (06/04) atinge agora também as filhas do presidente russo, Vladimir Putin, e outros familiares de integrantes do governo de Moscou. O presidente americano, Joe Biden, condenou mais uma vez as ações militares na Ucrânia, que ele classificou de "atrocidades".
Além de Maria Vorontsova, 36 anos, e Katerina Tikhonova, 35, filhas do presidente da Rússia, as punições financeiras divulgadas pelo governo Biden alcançam também a mulher e a filha do ministro do Exterior do país, Sergei Lavrov, e ox-presidente e primeiro-ministro Dmitry Medvedev. As medidas bloqueiam o acesso ao sistema americano e congelam eventuais ativos que estão no EUA.
Novas sanções também foram direcionadas ao Sberbank, que detém um terço dos ativos bancários totais da Rússia, e ao Alfabank, a quarta maior instituição financeira do país. Com isso, o governo americano irá proibir o trânsito de ativos via sistema financeiro dos EUA, impedindo, assim, que os americanos façam negócios com essas instituições.
"Hoje, junto com nossos aliados e parceiros, estamos anunciando uma nova rodada de sanções devastadoras. Eu deixei claro que a Rússia pagaria um preço severo e imediato por suas atrocidades em Bucha", declarou Biden em uma mensagem no Twitter, referindo-se à cidade retomada pelo exército ucraniano onde centenas de civis foram encontrados mortos.
Os bancos Sberbank e Alfabank disseram que as sanções não teriam um impacto significativo em suas operações.
A Casa Branca também anunciou que Biden estaria assinando uma ordem para proibir "novos investimentos na Rússia por americanos onde quer que esteja localizado, o que isolará ainda mais a Rússia da economia global". Isso incluiria capital de risco e fusões, segundo as autoridades. O Departamento do Tesouro dos EUA estaria preparando mais sanções diretamente contra empresas estatais russas.
Setor de energia ainda pouco impactado
Na carona dos americanos, o Reino Unido também congelou ativos do Sberbank, e informou que deverá banir as importações de carvão russo até o final deste ano, em uma série de sanções coordenadas junto com os Estados Unidos e outros aliados ocidentais para "não alimentar a guerra de Putin".
A Rússia é o principal fornecedor de carvão importado para o Reino Unido, embora a demanda britânica pelo combustível fóssil tenha despencado na última década.
O Reino Unido já havia anunciado um plano de eliminação progressiva do petróleo russo, que responde por 8% do que é fornecido ao país. Até o momento, no entanto, o país não deu fim às importações de gás natural russo, responsável por 4% do fornecimento. Disse apenas que fará isso o mais "breve possível''.
Imagens de civis mortos, valas comuns e outras atrocidades cometidas pelo exército russo na cidade de Bucha, na Ucrânia, chocaram o mundo desde o último final de semana. E acabaram gerando ainda mais pressão, por sanções mais fortes, em países como a Alemanha, extremamente dependente do gás russo, a exemplo do que já fizeram EUA e Lituânia, que decidiram bloquear as exportações de gás natural da Rússia.
Também espera-se que a União Europeia aumente as sanções por meio da proibição de novos investimentos na Rússia e de embargos sobre o carvão.
O chefe das relações exteriores da UE, Josep Borrell, disse que a energia seria chave para a guerra de Putin. Ele também afirmou que, devido à inflação gerada pelo conflito, a Rússia se beneficiou da possibilidade de vender gás natural e petróleo para o resto do mundo.
"Um bilhão de euros é o que pagamos a Putin todos os dias, desde o início da guerra, pela energia que ele nos fornece. Nós lhe repassamos 35 bilhões de euros. Compare isso com o um bilhão que repassamos à Ucrânia em armamentos", declarou Borrell.
Conforme Daniel Fried, ex-coordenador do Departamento de Estado durante o governo de Barack Obama, o mais recente pacote de sanções "basicamente torna o Sberbank intocável". Mas acrescentou: "O que falta é o que vamos fazer com o petróleo e o gás".
O diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Brian Deese, disse que estimativas apontam que a economia russa irá reduzir entre 10% e 15% em 2022, e que a inflação pode chegar a 200%.
gb (Reuters, AP)