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"Rússia não pode vencer essa guerra", diz Scholz

6 de abril de 2022

Em sessão do Parlamento alemão, chanceler federal fala sobre denúncias de massacres na Ucrânia e afirma que "os perpetradores e os que deram as ordens têm de ser responsabilizados".

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O chanceler alemão, Olaf Schoz responde perguntas de parlamentares no Bundestag. "O assassinato de civis ucranianos é um crime de guerra", afirmou.
"O assassinato de civis ucranianos é um crime de guerra", afirmou o chanceler alemão, Olaf Schoz ao BundestagFoto: Markus Schreiber/AP Photo/picture alliance

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, participou de uma sessão do Bundestag (Parlamento alemão) nesta quarta-feira (06/04) onde respondeu perguntas feitas pelos parlamentares sobre uma variedade de temas, desde a pandemia até questões de política interna. O debate, porém, foi dominado por questões envolvendo a guerra na Ucrânia.

Em seu discurso de abertura, Scholz comentou sobre os crimes de guerra cometidos na Ucrânia e disse que "os perpetradores e os que deram as ordens têm de ser responsabilizados".

O chanceler voltou a pedir ao presidente russo, Vladimir Putin, o fim da guerra. "Remova suas tropas da Ucrânia. Até que isso aconteça, faremos tudo o que pudermos para continuar a apoiar os ucranianos", ressaltou.

"Nosso objetivo é que a Rússia não vença essa guerra", esclareceu. Ele ressaltou que este é, justamente, a principal razão para a imposição de pesadas sanções internacionais contra Moscou, assim como para o envio de armas a Kiev e o acolhimento de refugiados ucranianos.

Ele defendeu a reação de seu governo ao conflito na Ucrânia e rejeitou críticas à atuação do Ministério da Defesa, que vem sendo acusado de demorar a agir.

O líder da União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, que faz oposição ao governo, vinha pressionando para que Berlim enviasse armamentos pesados à defesa ucraniana, algo que os parlamentares conservadores reforçaram no debate desta quarta-feira.

Envio de armas à Ucrânia

"Estou seguro que a ministra da Defesa, Christine Lambrecht, faz todo o possível, levando em conta decisões de nossos aliados e as capacidades do Exército alemão", disse Scholz.

O chanceler disse que uma grande quantidade de armas e equipamentos foram enviados à Ucrânia, e que novas entregas ainda vão ocorrer.

"Entregaremos o que pudermos, de acordo com o atual estoque de armas da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs); tudo o que possa fazer sentido e causar impacto rápido."

Berlim deve enviar equipamentos do Exército da antiga Alemanha Oriental, assim como antigos tanques de guerra, além de mísseis e outros itens, em um rompimento da política do país de não entregar armamentos a regiões de conflito.

Scholz também comentou as atrocidades cometidas na cidade ucraniana de Bucha. "Soldados russos cometeram um massacre contra civis ucranianos antes de sua retirada", observou. "O assassinato de civis é um crime de guerra."

Segundo o chanceler, Berlim mantem conversas confidenciais com Kiev sobre possíveis garantias de segurança que a Alemanha possa oferecer, após o fim da invasão russa.

O governo ucraniano propôs que, ao invés de o país se tornar membro da Otan, nações como a Alemanha, China, e Turquia possam assumir o papel de garantidoras da segurança da Ucrânia, o que teria efeito semelhante a uma adesão à aliança militar do Atlântico Norte.

"Estamos em conversações com a Ucrânia sobre essas garantias", disse Scholz ao Bundestag. "Essas conversas são confidenciais."

Dependência do gás russo

Scholz também repetiu a intenção de seu governo de reduzir a dependência do pais nos combustíveis fósseis importados da Rússia, e prometeu acelerar o desenvolvimento de terminais para o recebimento de Gás Natural Liquefeito (LNG).

O chanceler defendeu a redução do uso dessas fontes de energia, como um todo. "Agora, mais do que nunca, nos tornaremos independentes dos combustíveis fósseis."

A sessão parlamentar de perguntas ao chanceler foi institucionalizada em 2019, e ocorre, normalmente, três vezes por ano: antes do período natalino, da Páscoa e das férias de verão.

Esta foi a segunda vez em que Scholz tomou parte nos questionamentos desde que assumiu a chefia de governo, em dezembro do ano passado.

As perguntas são abertas a todos os partidos políticos representados no Bundestag, como os que integram a coalizão de governo – o Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz, o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP) – e o bloco de centro-direita liderado pela CDU, além da legenda A Esquerda e dos populistas de direita do Alternativa para a Alemanha (AfD).

rc (DPA, Reuters. AFP)