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Nota vermelha para pré-escola

lk10 de outubro de 2003

Ministra da Família anuncia reforço de verbas para a assistência pedagógica a crianças de até seis anos. Perito em pedagogia atesta à Alemanha subdesenvolvimento neste setor.

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Assistência oferecida a crianças de até seis anos não é satisfatóriaFoto: AP

Fomentar mais as famílias com crianças pequenas foi uma das promessas da campanha eleitoral de Gerhard Schröder, incluída como meta no programa de governo da coalizão formada por social-democratas e verdes em sua segunda legislatura, iniciada após a vitória eleitoral em setembro de 2002.

Esta semana, a ministra da Família, Renata Schmidt, anunciou a intenção de disponibilizar anualmente 1,5 bilhão de euros para a assistência a crianças de até seis anos, a partir de 2005. A política social-democrata está esperançosa de que os dispositivos legais correspondentes sejam aprovados até meados de 2004.

Nível de país subdesenvolvido

O aumento de recursos públicos numa época de cofres vazios é sinal da urgência de providências neste setor. Autor de um estudo encomendado pelo próprio Ministério da Família sobre a situação da educação pré-escolar na Alemanha, o professor Wassilios Fthenakis, do Instituto Estatal de Pedagogia da Infância de Munique, constatou: "A assistência prestada às crianças nesta fase de vida não corresponde aos parâmetros da pedagogia moderna".

Na opinião do pedagogo, a Alemanha está de dez a 15 anos atrasada em relação aos países vizinhos da Europa, no que diz respeito às chances oferecidas a crianças em idade pré-escolar. Sendo um país em que a educação é considerada primordialmente tarefa do Estado, com raros estabelecimentos particulares, a Alemanha no entanto oferece poucas possibilidades a crianças de até seis anos, idade em que começa a obrigatoriedade escolar. Das crianças de até três anos, apenas 5% têm acesso a uma creche ou jardim-de-infância. Na Dinamarca, por exemplo, esta porcentagem supera os 60%.

A falta de entidades que cuidem apropriadamente de crianças pequenas, aliada aos custos relativamente altos que cabem às famílias (mais de um terço, em comparação com a média de 17% em outros países industrializados), é um fator que dificulta a decisão de casais jovens de formarem família, ou impede a mulher e mãe de trabalhar fora. Segundo os planos da ministra Schmidt, até 2010 deverão ter acesso a uma creche 20% a 30% das crianças de até três anos. Para as de até seis anos, freqüentar o jardim-de-infância deverá ser um direito.

Novos parâmetros pedagógicos

A questão não se resume, no entanto, a aumentar os números. O que se reivindica é uma revalorização da educação pré-escolar na Alemanha. Atualmente, as crianças de três a seis anos são agrupadas em classes grandes demais, em que as mais novas convivem com as que estão prestes a entrar para a escola. As atividades, coordenadas por professores (ou melhor, professoras, quase sempre do sexo feminino) com formação deficiente, têm mais o caráter de passatempo, sem denotar uma concepção pedagógica. O que resta às crianças, após três anos de jardim-de-infância, é pouco mais do que uma pasta contendo desenhos e colagens realizadas por elas, algumas canções que aprenderam a cantar de cor e uma fotografia de recordação da classe, lamenta a revista Focus.

Formação dos professores do pré-primário em cursos superiores, como é obrigatória em outros países europeus, é uma das reivindicações de Fthenakis. E, segundo a ministra Schmidt, não se trata de criar entidades para substituir a família, e sim de complementar o trabalho realizado pelos pais, propiciando a todas as crianças, independente de sua proveniência e do grau de instrução dos pais, as mesmas possibilidades de desenvolvimento.

"É na idade de zero a seis anos que se lançam os fundamentos da educação das crianças. Quaisquer investimentos que se façam depois serão incapazes de superar as lacunas", adverte Fthenakis. Para financiar os custos de uma reforma neste sentido, ele propõe abolir na Alemanha a 13ª classe, a última do ensino médio, que considera um "luxo" que a Alemanha se permite em comparação com outros países.