Mistérios do espaço
5 de agosto de 2011Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, ainda é um mistério para os astrônomos. Para desvendar este mistério, a Nasa enviou para o espaço nesta sexta-feira (05/08) a sonda espacial Juno. Comandada pelo pesquisador Scott Bolton – do Southwest Research Institute, de San Antonio, Estados Unidos – a missão tem um custo de 1,1 bilhão de dólares.
"Com a Juno, pretendemos investigar a origem de Júpiter. O planeta é a chave para entendermos como o Sol e todos os planetas se formaram", diz Bolton. Júpiter absorveu a maior parte do material que sobrou após o surgimento do Sol. Como um enorme aspirador de pó, ele reuniu todos os restos da nuvem primordial, a partir da qual o Sol o e os outros planetas se formaram.
Enquanto a Terra é um corpo rochoso com uma atmosfera muito fina, Júpiter é uma enorme esfera de gás. Seu diâmetro é onze vezes maior que o de nosso planeta e sua massa é maior do que a de todos os outros planetas e luas somados.
Antes da Juno, sete sondas espaciais já estiveram em Júpiter. Mas a maioria apenas voou ao redor do planeta, concentrando-se nas grandes luas do astro. Agora, a sonda espacial deverá finalmente esclarecer quanta água há na massa gasosa de Júpiter e se o maior membro do Sistema Solar consiste inteiramente de gás ou possui um núcleo rochoso.
Para a viagem ao planeta, os engenheiros espaciais contam com a ajuda da natureza para economizar combustível. Inicialmente, a Juno – que pesa quase quatro toneladas – percorrerá cerca da metade da distância até Júpiter. Em 2013, a sonda espacial passará bem próximo à Terra novamente, para pegar o último impulso necessário para chegar ao planeta gigante. Somente em julho de 2016, após cinco anos de voo, a sonda finalmente alcançará seu destino e dará início ao programa de pesquisas.
Energia solar no escuro
Sete instrumentos científicos encontram-se a bordo da sonda, entre eles duas câmeras, um dispositivo de medição de campo magnético e detectores de partículas. Fornecer energia a todos esses equipamentos não é uma tarefa simples.
Júpiter está a cerca de 800 milhões de quilômetros do Sol, cinco vezes mais distante que a Terra. Lá, a Juno receberá menos de 0,04% da luz que chega ao nosso planeta. Mas a equipe da sonda está confiante de que os três painéis solares nela instalados – com cerca de dez metros de comprimento cada um – produzirão energia suficiente.
"Nunca havíamos enviado uma sonda abastecida por energia solar para tão longe no espaço. Os painéis solares produziriam 14 kilowatts na órbita terrestre, mas, a uma distância como a de Júpiter, obtêm-se apenas 400 watts", explica Jan Chodas, gerente de projeto no laboratório de propulsão de jatos da Nasa, na Califórnia, de onde a Juno foi lançada.
Dos 400 watts produzidos, apenas metade ficará à disposição dos instrumentos científicos. O restante será utilizado pelos computadores de bordo, pelo transmissor de rádio ou pelos aquecedores, que manterão a temperatura para o funcionamento da Juno no espaço gelado. Qualquer cafeteira ou secador de cabelo consome mais energia do que a sonda espacial terá à disposição para voar, explorar Júpiter e ainda transmitir os dados à Terra.
A Juno é uma obra-prima da engenharia e foi desenvolvida em um período de tempo impressionante. "A missão foi aprovada em 5 de agosto de 2008 e seu início é apenas três anos depois", ressaltou Jim Green, diretor de ciências planetárias na sede da Nasa, em Washington. "Mantivemos o calendário e também o orçamento de 1,1 bilhão de dólares para a construção, o voo e a operação da sonda", diz.
Final feliz e trágico ao mesmo tempo
Se tudo correr bem, a Juno entrará em 2016 em órbita em torno de Júpiter. Em uma trajetória elíptica, a sonda se moverá ao redor do planeta, aproximando-se, a cada dez dias, até 5 mil quilômetros da camada de nuvens sobre o planeta. Uma sonda espacial nunca chegou tão perto do planeta.
Durante mais de um ano, a Juno irá monitorar a camada de nuvens de Júpiter, investigando sua profundidade e a composição do planeta. A sonda também explorará o campo magnético e as partículas em sua volta.
Os pesquisadores esperam que os dados também auxiliem na compreensão das origens cósmicas da Terra. Para os astrônomos, esse seria um final feliz para a missão. A Juno, porém, terá um destino mais triste. Após o final das medições, no final de 2017, a sonda será conduzida para dentro de Júpiter e deverá queimar-se na massa gasosa do planeta.
Autor: Dirk Lorenzen (lf)
Revisão: Roselaine Wandscheer