Máquinas alemãs na mira dos piratas
17 de janeiro de 2004Um em cada duas empresas alemãs, fabricantes de máquinas industriais, está tendo prejuízo por causa de cópias ilegais de seus produtos: desde prensas, peças de reposição para automóveis e aviões até equipamentos completos de produção.
Alguns produtos foram copiados inteiramente, inclusive prospectos e manual de uso. As máquinas piratas utilizam quase sempre materiais mais baratos que os originais, o que traz também riscos de segurança.
Maioria dos piratas são chineses
Conforme pesquisa realizada pela Federação Alemã dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos (VDMA), 75% dos produtos pirateados são feitos na Ásia, sobretudo na China. Dieter Klingelnberg, presidente da VDMA, explica que foram os japoneses os primeiros a copiarem as máquinas alemãs. Os russos também tentaram, mas sem êxito, e agora são os chineses que estão na vanguarda.
Klingelnberg reconhece que os chineses têm "talento" para copiar, e que é muito difícil combater a pirataria por meios jurídicos. A única estratégia para evitar grandes prejuízos, segundo ele, é diminuir o ciclo de desenvolvimento de novos produtos.
Máquinas complexas, fornecedores chineses
Uma das particularidades das máquinas industriais alemãs é a sua complexidade, o que dificulta mas não impede a pirataria. A fim de reduzir os custos, as empresas têm recorrido cada vez mais aos fornecedores chineses e lançados novos produtos com maior freqüência. Assim, cada vez os chineses copiam uma máquina, os alemães já lançaram um uma nova no mercado.
A VDMA calcula que a pirataria causa prejuízos de até 10% no faturamento, conforme a empresa. O prejuízo médio é de 3%, o que representa perdas globais de 400 a 500 milhões de euros para o setor. Mas esses dados são apenas estimativas.
Brigar por patentes sai muito caro
Na verdade, ninguém sabe ao certo quais as máquinas que os chineses estão copiando, admite Dieter Klingelnberg. Quase sempre os produtos piratas só são descobertos por acaso, por exemplo numa feira internacional.
A VDMA aconselha às empresas a proteger seus produtos através de patentes, embora isto não seja uma solução para o problema. E em caso de conflito a entidade recomenda tentar um acordo, pois as disputas jurídicas por patentes são longas e custam muito dinheiro.