Museu do Transporte celebra história da mobilidade
20 de abril de 2013Há aproximadamente 400 anos, ainda havia neste local carruagens e cavalos. Desde 1956, a área onde ficava a então cavalaria da corte se transformou em sede do Museu do Transporte de Dresden. Ali é possível conhecer a mais antiga locomotiva a vapor alemã, do ano de 1861, e admirar o primeiro "caminhão da Alemanha com motor refrigerado a ar". Todos esses objetos servem para contar a história da mobilidade no mundo.
Voar como uma libélula
Entre as peças expostas há, por exemplo, o mais antigo aparelho voador do acervo: um planador a vela inventado por Otto Lilienthal no ano de 1894. As asas tinham a forma das de uma libélula, com uma envergadura imponente de aproximadamente sete metros.
Além disso, o museu oferece outras curiosidades para o visitante, como uma cadeira com encosto em forma de balão ou um cinzeiro com dirigível. Todas essas peças explicitam o entusiasmo pelo ato de voar por volta de 1900, narrando como a tecnologia foi se desenvolvendo ao longo dos anos.
De onde vem a hélice?
O Museu de Dresden expõe em torno de 18 mil peças, espalhadas por uma área de mais de 5 mil metros quadrados. E aquilo que é estritamente proibido em diversos outros museus, aqui é permitido com prazer: tocar nos objetos. Os visitantes podem acionar hélices ou manobrar navios, tomando virtualmente o lugar de capitães marítimos. A interação é desejada pelo próprio museu, o que faz com que o local seja apreciado sobretudo por famílias com crianças.
"No futuro, a participação do visitante deverá ser mais destacada ainda", afirma Joachim Breuninger, diretor do museu. Recentemente foi criado, por exemplo, um espaço dedicado a experimentos, que leva o nome de "vivenciando o voo". Ali os visitantes podem, sobretudo as crianças, passar por diversas estações de aprendizado para entender como uma aeronave consegue voar. Ou também aprender através de jogos lúdicos quais exemplos da natureza foram tomados para o desenvolvimento de técnicas de voo.
"É possível sentir a força"
Para Joachim Breuninger, é importante que o museu não se dedique somente à história da mobilidade, mas acima de tudo ao futuro da tecnologia moderna de transportes, levando em conta também aspectos ecológicos. Um papel importante neste contexto é desempenhado pela ligação entre os tipos de veículos: o carro, o navio e o trem. Breuninger planeja uma exposição que abranja paralelamente todos os três meios de transporte.
Uma das seções prediletas do diretor do museu é a das locomotivas antigas. "Ali ainda é possível sentir a força. Ao contrário dos trens de alta tecnologia, é possível reconhecer como foram construídas", aponta Breuninger. A famosa locomotiva Saxônia, por exemplo, ainda se manteve em funcionamento até cerca de dois anos atrás. Tratava-se de uma réplica do original de 1838. Para uma locomotiva a vapor, ela era consideravelmente colorida, com tons em verde e vermelho que saltam aos olhos do visitante. "Mas tenho certeza de que as rodas, no passado, tinham outra cor", explica o diretor.
Vestígios do passado
No museu, os originais que tiverem sido modificados em função do processo de restauração permanecem reconhecíveis para o visitante. Os vestígios do uso não são tampouco camuflados. Pois, afinal, o museu atrai pessoas que querem ver peças autênticas. Os rastros do passado da ex-Alemanha Oriental também estão presentes.
A coleção é composta sobretudo por veículos montados nos estados da Turíngia e Saxônia. Nos setores de construção ferroviária e automobilística, essas regiões da Alemanha foram pioneiras.
O Wartburg é um BMW
Entre os veículos expostos há, por exemplo, um Wartburg dos anos 1960, de cor laranja – um protótipo que causa a admiração de alguns visitantes. De linhas elegantes e sóbrias, com uma carroceria arredondada e muita cor, o Wartburg era um "projeto exemplar" da República Democrática Alemã (RDA), de regime comunista, produzido em Eisenach. Em meio à exposição o visitante fica sabendo, de passagem, que esse clássico da antiga Alemanha Oriental era, de fato, um modelo da BMW.
Em 1932, a BMW havia começado a fabricar carros em Eisenach. Após a divisão da Alemanha no pós-guerra, essa unidade de fabricação continuou em plena atividade, inclusive exportando veículos. Até que a BMW (na então Alemanha Ocidental) obrigou a fábrica de Eisenach a mudar de nome para EMW (Eisenacher Motorenwerke – Unidade Montadora de Eisenach). Essa, por sua vez, começou a produzir um modelo próprio, que foi chamado de Wartburg. Ou seja, uma ironia da história das duas Alemanhas.
"Não somos um museu patriótico"
Outro dos destaques do museu é uma mobilete SR1, de 1956. Nos tempos em que carros e ônibus eram raros, este era um meio de transporte apreciado. Embora a tecnologia de fabricação tenha mudado, muitos dos visitantes do museu, nem tão jovens, se lembram ainda desse veículo antigo.
"Mas não queremos mesmo ser um museu patriótico", revida o diretor Breuninger. Embora o local talvez seja um, na melhor acepção do termo. Um museu que torna visível a evolução grandiosa dos meios de transporte, no quesito mobilidade, fazendo com que ela possa também ser experimentada.
E ainda com um destaque regional. O fato de que a ideia é boa está provado pelo número crescente de visitantes. "E vêm cada vez mais mulheres", conta Breuninger. Um indício de que o Museu do Transporte não atrai apenas aficionados.
Autora: Andrea Kasiske (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer