Diversão e conhecimento no maior museu tecnológico do mundo
12 de agosto de 2012Na entrada, o empurra-empurra e o barulho lembram uma estação de trem. Grupos escolares, famílias e aposentados fazem fila para entrar no maior museu técnológico do mundo. Aberto todos os dias, o Deutsches Museum, na cidade alemã de Munique, recebe entre 1 milhão e 1,5 milhão de pessoas por ano ou cerca de 4 mil a cada dia.
O museu é tão grande que logo a multidão se dispersa. No meio de uma das salas, vê-se o avião que é uma das principais atrações do lugar. "Este é o Messerschmitt Me 262, o primeiro jato produzido em série no mundo", explica Peter Thum, especialista em mobilidade do museu.
Segundo Thum, o avião foi utilizado pela Força Aérea Alemã, então comandada por Hermann Göring, a partir de 1944. O jato era apontado pelos nazistas como uma das armas milagrosas que possibilitaria a Hitler a chamada "vitória final".
O resultado foi outro, mas tecnicamente a reputação do Me 262 permaneceu como a de um dos mais avançados aviões da época. "Ele chega a 870 quilômetros por hora, o que corresponde à velocidade alcançada pelos atuais aviões comerciais", diz Thum.
Pendurado no teto, acima do Me 262, há outro caça, o Messerschmitt Me 163. "Ele voa com propulsão de um foguete, disposto na horizontal para que o avião seja impulsionada para a frente", explica Thum. "Com isso, a aceleração e a velocidade são maiores, ou seja, cerca de mil quilômetros por hora", ressalta.
O avião-foguete foi projetado para interceptar caças inimigos. "O problema é que o combustível só é suficiente para nove minutos de voo. Depois disso, o foguete para de funcionar, e o avião se transforma num planador", observa Thum.
Homem na gaiola
A sala favorita dos visitantes do Deutsches Museum é a que aborda o poder da eletricidade – muito barulhenta e desaconselhada para pessoas com marcapasso. No centro do salão, quase completamente escuro, veem-se uma série de equipamentos iluminados. Crianças e adultos se agrupam perto da cerca que os separa das máquinas.
A primeira delas é formada por duas hastes de metal, dispostas a cerca de 80 centímetros de distância entre si. Elas são carregadas com 280 mil volts, produzindo raios selvagens que desenham formas bizarras na escuridão e emitem um barulho de fazer doer os ouvidos.
Pouco depois, a sensação é de estar em um circo. Um funcionário do museu entra numa esfera de malha de arame que flutua a três metros de altura. Cerca de 220 mil volts são descarregados na estrutura, e faíscas e raios barulhentos tomam conta de toda a superfície da chamada gaiola de Faraday.
"Durante uma tempestade, a gaiola é o lugar mais seguro do museu", brinca o funcionário Bernhard Weidemann. "É como em um carro, onde você também está protegido de relâmpagos."
Mais de 25 mil peças
Com mais de 25 mil objetos expostos, o Deutsches Museum é o maior museu de tecnologia do mundo, afirma o porta-voz Weidemann. E há quatro vezes mais itens armazenados no museu. As peças mais antigas do acervo são da Idade da Pedra, as mais recentes, da tecnologia do futuro. As exposições abrangem uma vasta gama de temas – de física nuclear a células humanas.
"Queremos que o público experimente as respostas às perguntas cotidianas que têm a ver com a ciência e a tecnologia, tomando conhecimento de como essas áreas mudaram nosso dia a dia e trouxeram progressos culturais, sociais e econômicos", explica Weidemann.
A missão do museu é propagar conhecimento, mas nem sempre a casa consegue cumprir tal meta. Especialmente em salas com peças de tempos antigos, falta aquilo que os especialistas em museus chamam de "contextualização". Além disso, alguns dos objetos são acompanhados apenas por textos em alemão.
"Estamos num processo de renovação de toda a casa, pela primeira vez desde nossa abertura em 1925. Algumas mostras estão desatualizadas, mas todas as exibições inauguradas recentemente estão em alemão e em inglês", justifica Weidemann.
Universo subterrâneo
No porão do museu, há uma mina subterrânea. Ao longo de mais de 400 metros, foram reproduzidos túneis e corredores. A mostra conta a história da indústria da mineração desde os seus primórdios até o presente.
Os visitantes podem ver máquinas, roldanas, correias, esteiras. Tudo é posto em funcionamento, como numa verdadeira mina, incluindo o barulho ensurdecedor. Alguns visitantes tampam o ouvido, até um funcionário do museu desligar as máquinas.
Somente a visita à mina dura cerca de uma hora. O Deutsches Museum têm tanto para se ver que um dia de visita não basta.
Autora: Birgit Görtz (md)
Revisão: Luisa Frey