Mulheres terão de esperar 257 anos por igualdade no trabalho
18 de dezembro de 2019As mulheres poderão ter de esperar mais de dois séculos para conquistar a paridade de gêneros no trabalho, afirma um relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM) divulgado nesta terça-feira (17/12).
O documento alerta para o aumento da desigualdade nos locais de trabalho em todo o mundo, apesar das crescentes demandas por tratamentos iguais entre pessoas de gêneros diferentes.
Apesar de as mulheres conseguirem diminuir a disparidade em áreas como a política, saúde e educação, a desigualdade no local de trabalho não deverá ser eliminada até o ano de 2276, afirma o relatório do FEM.
Os números mais recentes sugerem que a desigualdade no trabalho aumentou desde o levantamento do ano passado, que avaliou que a disparidade não seria eliminada em um período de 202 anos.
O fórum, com sede em Genebra, avalia anualmente as disparidades em 153 países em quatro áreas: educação, saúde, oportunidade econômica e capacitação política. A disparidade de gêneros nessas quatro categorias diminuiu em conjunto, com a previsão de 99,5 anos para as mulheres conquistarem a igualdade – no estudo anterior o cálculo era de 108 anos.
Mas, enquanto alguns setores alcançaram progressos, outros acabaram ficando para trás, com o FEM alertando que deverá levar "mais de uma vida" para que a desigualdade desapareça.
Na área da educação, a disparidade foi reduzida em 96%, podendo ser eliminada em um período de apenas 12 anos. No setor da saúde, a diferença entre os gêneros, também apresenta uma diminuição semelhantes, mas não foi possível prever o tempo necessário para atingir a paridade devido a problemas persistentes em países populosos com a China e a Índia.
Desses quatro setores, o que menos evoluiu foi o da política, ainda que alguns progressos tenham sido notados desde o ano passado. Em 2019, as mulheres ocupavam 25,2% das vagas nas Câmaras de Deputados ou de Representantes, em comparação ao percentual de 24,1% em 2018, e 22,1% das posições ministeriais, contra 19% do ano anterior.
Entretanto, os números referentes ao mercado de trabalho como um todo são bem menos positivos. Levando-se em conta uma variedade de fatores como oportunidades e pagamentos, o relatório afirma que serão necessários 257 anos para atingir a paridade entre os gêneros.
O documento ressalta avanços como um amento geral na parcela de mulheres com capacitação profissional e cargos de alto escalão, mas destaca que essas tendências têm como contrapeso a "estagnação ou reversão das desigualdades na participação no mercado de trabalho e nas recompensas financeiras".
Em média, apenas 55% das mulheres adultas estão no mercado de trabalho, comparado a 78% dos homens. Elas ganham em média 40% menos para realizarem trabalhos em posições semelhantes.
A disparidade diminui consistentemente na última década nos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ao mesmo tempo em que aumentou nas economias emergentes e em desenvolvimento, diz o relatório do FEM.
As previsões de eliminação da disparidade de gêneros variam bastante de acordo com os países e as regiões. Enquanto os países da Europa Ocidental poderiam eliminar a desigualdade em um período de 54,4 anos, as nações do Oriente Médio e Norte da África levariam 140 anos.
De modo geral, os países nórdicos dominam o ranking dos países onde a disparidade é menor, liderado por Islândia, Noruega, Finlândia e Suécia. Por outro lado, a disparidade é mais acentuada em nações como Síria, Paquistão, Iraque e o Iêmen.
Entre as principais economias do mundo, a Alemanha obteve a melhor colocação (10º), seguido da França (15º), África do Sul (17º), Canadá (19º) e Reino Unido (21º ). Os Estados Unidos caíram duas posições, ficando em 53º lugar. O relatório afirma que as mulheres americanas ainda lutam para ocupar as posições mais altas no setor de negócios e ainda estão "subrepresentadas nos papéis de liderança política".
O Brasil ocupa a 92ª colocação, subindo uma posição em relação ao ano anterior, mas ainda atrás de países como Vietnã (87º), Suriname (77º), Venezuela (67º), Moçambique (56º). No total, 60% das mulheres brasileiras estão no mercado de trabalho.
RC/afp/dpa
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