Mulher de Eduardo Cunha se torna ré na Lava Jato
9 de junho de 2016O juiz federal Sérgio Moro aceitou nesta quinta-feira (09/06) denúncia contra a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, esposa do presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Dessa forma, Cláudia passa a ser ré pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), ela é suspeita de esconder, em conta secreta no exterior, valores provenientes do esquema criminoso instalado na diretoria internacional da Petrobras. "Cláudia tinha plena consciência dos crimes que praticava", diz nota no MPF.
Ainda segundo o órgão, a mulher de Cunha é a única controladora da conta em nome da offshore Köpek, na Suíça, por meio da qual pagou despesas de cartão de crédito no exterior que ultrapassam 1 milhão de dólares num prazo de sete anos, entre 2008 e 2014.
As investigações destacam que o montante é incompatível com os salários e o patrimônio legal de Cunha, atualmente afastado da Câmara por tentar obstruir a Lava Jato. "As contas de Eduardo Cunha escondidas no exterior eram utilizadas para receber e movimentar propinas, produtos de crimes contra a administração pública praticados pelo deputado", informa o MPF.
Por meio da conta na Suíça, Cláudia também teria se favorecido de parte de valores de uma propina de cerca de 1,5 milhão de dólares, recebida pelo marido para "viabilizar" a aquisição, pela Petrobras, de 50% de um bloco de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.
Artigos de grife e estudos dos filhos
Segundo o MPF, parte dos gastos dos cartões de crédito foi usada por Cláudia para a compra de artigos de grife, como bolsas, sapatos e roupas femininas. Outra parte dos recursos foi destinada para despesas diversas da família Cunha, como o estudo dos filhos em escolas na Inglaterra e nos EUA.
Moro também aceitou denúncia contra outros três acusados: o ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada, por corrupção passiva; o lobista João Augusto Rezende Henriques, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas; e o empresário português Idalecio Oliveira, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
EK/dpa/ots