Movimento gay alemão elogia "Brokeback Mountain"
11 de março de 2006Homens fortes que desbravam os montes de Wyoming e sentam-se à fogueira ao entardecer: o típico romance do meio-oeste americano. Mas, de repente, tudo parece muito mais romântico do que nos filmes de John Wayne: Jack e Ennie, dois cowboys, beijam-se apaixonadamente, descobrem que se amam, numa história repleta de idas e voltas até o fim de suas vidas. E Hollywood nunca havia visto nada parecido até agora.
O filme Brokeback Mountain já recebeu inúmeros prêmios, entre eles o Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza e o Prêmio Britânico de Cinema. Só não recebeu o Oscar de melhor filme, apesar das premiações pela direção, pelo roteiro e pela trilha sonora. Mesmo assim, o diretor Ang Lee está satisfeito.
"Os personagens principais não nos mostraram somente como os homossexuais são tratados pela sociedade, mas também como é um grande amor", afirma Lee.
Luta pelos direitos
A repercussão da obra foi tão grande nos Estados Unidos que Brokeback está cotada como "palavra do ano". O western marca uma transformação, segundo Klaus Jetz, da Associação de Gays e Lésbicas de Colônia:
"O filme é um sucesso e estabelece um marco para todos os esforços políticos do movimento pelos direitos de cidadania de lésbicas e gays nos Estados Unidos, como o esforço de reconhecer o direito matrimonial entre pessoas do mesmo sexo na Constituição", afirma Jetz.
Na Alemanha
Na Alemanha, o tema homossexualismo é tratado, na maior parte das vezes, em paródias ou em produções repletas de clichês e falta espaço para que a questão seja abordada de uma forma séria e sensível.
"O filme sobre cowboys americanos é importante porque não é carregado de estereótipos, porque é romântico e porque mostra como é uma relação de amor", acrescenta Jetz.
Em publicações alemãs com público-alvo gay, o filme está na pauta já há algumas semanas e tem recebido críticas positivas, principalmente porque retrata cada uma das difíceis fases pelas quais passa um homem quando se descobre homossexual e aceita isso.
"O tema ainda é complicado, principalmente para quem mora no interior. 'Como contar para os meus pais?' 'Como contar na escola?' Eu penso que, também aí, o filme tem um papel importante", afirma Klaus Jetz.