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MúsicaEspanha

Morre aos 91 anos cineasta espanhol Carlos Saura

10 de fevereiro de 2023

Autor de filmes como "Cría cuervos" e "Ai Carmela" morre um dia antes de receber maior premiação do cinema de seu país. Academia de Cinema da Espanha: ele "moldou a história do cinema moderno".

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Spanien Director Carlos Saura
Foto: IMAGO/Atilano Garcia

A Academia de Cinema da Espanha informou nesta sexta-feira (10/02) a morte do cineasta espanhol Carlos Saura aos 91 anos, em Madri. Ele morreu um dia antes de receber um Prêmio Goya honorário – a maior premiação do cinema do país – concedido pela Academia, que o considera "um dos cineastas fundamentais da história do cinema espanhol". 

A Academia decidiu homenageá-lo com o Goya honorário na cerimônia marcada para ocorrer em Sevilha, por ele "ter moldado a história do cinema espanhol moderno" e pela "sua extensa e altamente pessoal contribuição para a história do cinema espanhol desde o final dos anos 50 até hoje".

Nascido em 1932, em Huesca, no norte da Espanha, Saura começou sua carreira como fotógrafo. "Pouco a pouco fui me desenvolvendo como fotógrafo, fui ao festival de Granada como fotógrafo oficial, e foi quando comecei a me mover no mundo, mas nunca teria imaginado dirigir mais de 50 filmes, dirigir ópera, teatro, realizar exposições de fotografia, publicar romances", afirmou.

Ele é autor de filmes lendários como A caça (1966), Cría corvos (1976), Bodas de sangue (1981) e Ai, Carmela! (1990). Seu último trabalho, o documentário Las paredes hablan (As paredes falam)estreou na Espanha há poucos dias.

Boa parte da sua carreira transcorreu durante a ditadura do general Francisco Franco, encerrada em 1975. Os filmes que realizou nessa época ficaram marcados pela forma como contornou a censura, recorrendo a símbolos e alegorias para abordar temas como a Guerra Civil espanhola (1936-1939) e a repressão franquista.

Com a instauração da democracia em Espanha, começou a abordar em sua obra as relações entre música e imagem. Seguindo a série inaugurada com Bodas de sangue, baseada na obra peça teatral de Federico García Lorca, realizou Carmen (1983), Flamenco (1994), Tango (1997).

Seu Fados, de 2007, com supervisão musical de Carlos do Carmo e congregou o melhor dos novos talentos portugueses, como Mariza ou Camané, mas também recordou Amália Rodrigues, e convocou astros internacionais como Caetano Veloso e Chico Buarque, Lila Downs e Lura.

Saúde abalada

A saúde do cineasta tinha se deteriorado desde uma queda sofrida em setembro de 2022, e se agravou nos últimos oito dias, afirmam fontes ligadas à família. Ele se despediu dos familiares e amigos e deixou "tudo organizado", porque queria morrer em casa. Acatando o "desejo expresso" do diretor, seus filhos, Anna e Antonio foram a Sevilha para receber o prêmio em seu nome.

Em entrevista à agência de notícias EFE por ocasião da estreia de Las paredes hablan, Saura comentou: "A arte e a criação da arte fazem parte da essência do ser humano, por mais que os anos passem, por mais que os tempos ou a moda mudem."

Ao ser indagado por que decidiu se dedicar ao cinema, Saura contou que a arte era fomentada em sua casa, pois a sua mãe era pianista, "embora ela nunca tenha querido que nenhum dos filhos se dedicassem a isso, porque era muito difícil". Na ocasião, o veterano do cinema recordou que a primeira coisa que assistiu em sua vida foram os filmes de Walt Disney.

rc/av (EFE, Lusa)