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Ministro interino da Cultura pede demissão

17 de junho de 2017

João Batista de Andrade entrega carta a Temer expressando "desinteresse em ser efetivado". Cineasta assumiu pasta após saída de Roberto Freire em meio à crise política. Marta Suplicy recusou convite ao cargo, diz jornal.

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Joao Batista de Andrade
João Batista de Andrade, secretário-geral do Ministério da Cultura, assumiu o comando da pasta interinamente em maioFoto: Valter Campanato/Agencia Brasil

O ministro interino da Cultura, João Batista de Andrade, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (16/06). Em carta enviado ao presidente Michel Temer, ele afirma não ter interesse em continuar no comando da pasta, da qual se tornou titular em maio, após a saída de Roberto Freire.

"Comunico, respeitosamente, meu desinteresse em ser efetivado como ministro da Cultura", escreveu Andrade em seu pedido de demissão. "Confirmo minha disposição para contribuir da forma mais proativa possível com a transição de gestão no Ministério da Cultura."

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o cineasta filiado ao PPS afirmou que sua decisão foi motivada pelo corte de 43% do orçamento sofrido pelo ministério há dois meses, além de polêmicas envolvendo a nomeação do presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Andrade indicou a produtora Debora Ivanov para a presidência do órgão, com apoio de cineastas e do ex-ministro Freire, mas o governo Temer acabou preferindo outra indicação. "A Ancine é uma entidade vinculada ao MinC. Não faz sentido que o ministro não possa indicar nomes", afirmou.

Ainda segundo o jornal paulistano, o político declarou que a pasta se tornou "inviável" após o corte orçamentário. "Era um ministério que já estava deficiente. O Fundo Nacional de Cultura, que já teve 500 milhões de reais na época áurea, hoje tem zero de recurso. É um ministério inviável, tratado de forma a inviabilizá-lo ainda mais."

Terceiro ministro da Cultura desde o início do governo Temer, Andrade assumiu interinamente o posto em maio, quando o então ministro Roberto Freire renunciou ao comando da pasta. O cineasta  era secretário-executivo do ministério, cargo do qual também pediu demissão nesta sexta-feira.

Freire, por sua vez, decidiu deixar a Cultura em meio à crise política no Planalto, depois de revelada uma gravação feita pelo empresário Joesley Batista, da JBS, durante uma conversa com Temer em março. No diálogo, são discutidos possíveis crimes de corrupção por parte de agentes públicos.

Na ocasião, o político do PPS justificou sua demissão devido à "instabilidade política gerada pelos fatos que envolvem diretamente a Presidência da República".

Desde então, Temer tem tido dificuldades para preencher o comando do ministério, segundo afirma a imprensa brasileira. O jornal O Globo publicou que a senadora Marta Suplicy chegou a ser cogitada pelo presidente há algumas semanas, mas recusou o convite. Filiada ao PMDB desde 2015 após mais de 30 anos no PT, ela foi ministra da Cultura no governo Dilma Rousseff, entre 2012 e 2014.

De acordo com a assessoria do Palácio do Planalto, Temer recebeu a carta de demissão de Andrade, mas não deve tomar nenhuma decisão sobre os cargos vagos antes de retornar da viagem que fará na próxima semana à Rússia e à Noruega. A volta está prevista para 23 de junho.

Como cineasta, Andrade ganhou prêmios no Festival de Moscou e de Gramado pelo filme O Homem que Virou Suco (1980). Ele foi secretário de Cultura de São Paulo em 2005 e 2006, na gestão Geraldo Alckmin, e presidiu a Fundação Memorial da América Latina de 2012 a 2016.

EK/abr/ots