Ministro alemão vê Brexit como modelo para Turquia e Ucrânia
26 de dezembro de 2017O ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, comentou que um acordo entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido para as relações entre ambos após o Brexit pode servir de exemplo para os laços com Turquia e Ucrânia – que desejam se manter próximos do bloco, mas ainda não estão prontos para a adesão.
"Não posso imaginar a Turquia ou Ucrânia se tornando membros da UE nos próximos anos", disse Gabriel, em entrevista ao grupo de mídia Funke publicada nesta terça-feira (26/12). "Por isso temos que pensar em formas alternativas para uma cooperação mais próxima."
Leia também:
Cresce pressão na Turquia por estilo de vida conservador
Merkel e Macron exigem solução pacífica no leste da Ucrânia
"Se conseguirmos um acordo inteligente com o Reino Unido que regule as relações com a Europa após o Brexit, ele pode ser um modelo para outros países: Ucrânia e Turquia", disse o ministro.
O Reino Unido conseguiu neste mês aluz verde de Bruxelas para iniciar conversações sobre sua futura relação com a UE. Londres diz aspirar que, como ex-membro, a relação com o bloco seja mais próxima do que a mantida entre Bruxelas e outros países.
A Turquia, candidata à adesão à UE há décadas, já mantêm uma união alfandegária com a UE, a qual permite o comércio da maioria das mercadorias sem impostos. Uma possibilidade seria oferecer a Ancara uma "forma nova e mais próxima da união alfandegária". "Mas isso não é possível enquanto a situação [política] na Turquia não mudar", ressaltou Gabriel.
Milhares de pessoas, incluindo cidadãos alemães, foram detidos na Turquia como parte da resposta de Ancara a uma tentativa de golpe militar fracassada, em julho de 2016.
O ministro apontou como um bom sinal o fato de vários alemães presos na Turquia terem sido recentemente libertados. No entanto, Berlim ainda se preocupa particularmente com o destino do jornalista Deniz Yücel, correspondente do jornal alemão Die Welt detido na Turquia.
No caso da Ucrânia, um acordo de livre-comércio com a UE entrou em vigor em setembro, com o objetivo de facilitar o comércio de mercadorias, serviços e capital, além de eliminar a necessidade de vistos para viagens curtas.
O desejo de estabelecer uma relação mais próxima com a UE foi um dos motores de uma revolta popular que derrubou o presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovych, em 2014. A manobra levou Moscou a anexar a península da Crimeia e apoiar separatista pró-Rússia no conflito no leste da Ucrânia.
O Partido Social-Democrata (SPD), de Gabriel, está preparando sondagens com os conservadores da União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, e da União Social Cristã (CSU) em busca de uma nova coalizão de governo para os próximos quatro anos.
LPF/dpa/rtr/afp
_______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App