Meta derruba rede de desinformação sobre a guerra na Ucrânia
27 de setembro de 2022Uma ampla rede de desinformação com origem na Rússia tentou usar centenas de contas falsas em redes sociais e dezenas de sites de notícias falsas para espalhar propaganda do Kremlin a respeito da invasão da Ucrânia, afirmou nesta terça-feira (27/09) a Meta, proprietária do Facebook e do Instagram.
A empresa americana de tecnologia disse ter identificado e desabilitado a rede antes que esta conseguisse alcançar uma vasta audiência. O Facebook informou que essa foi a maior e mais complexa tentativa russa de espalhar propaganda pró-Moscou desde o início da guerra na Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro deste ano.
A operação envolveu também mais de 60 sites criados para imitar websites legítimos de notícias, incluindo o jornal britânico The Guardian e a revista alemã Der Spiegel. Em vez de conter as notícias efetivamente publicadas por essas empresas, os sites falsos continham links para informações deturpadas sobre a invasão da Ucrânia.
Somente no Facebook, mais de 1,6 mil contas falsas foram usadas para espalhar propaganda russa, incluindo links para as fake news e postagens e vídeos pró-Moscou, em países como Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Ucrânia, em ação que ocorreu durante todo o verão europeu. Além do Facebook, atividades da rede foram identificadas também em mídias como Instagram, Twitter e Telegram.
As redes de desinformação russas foram percebidas, primeiramente, por repórteres investigativos na Alemanha. Quando a Meta começou a sua própria investigação, descobriu que muitas das contas falsas já haviam sido removidas por sistemas automatizados do Facebook. As páginas tinham milhares de seguidores quando foram desativadas.
Um dos conteúdos que chamou a atenção dos investigadores foi um vídeo intitulado "Revelada falsa encenação em Bucha!", que culpava a Ucrânia pelo massacre de centenas de pessoas em uma cidade ocupada pelo Exército russo.
"Em algumas ocasiões, o conteúdo foi espalhado por páginas oficiais no Facebook de embaixadas russas na Europa e na Ásia. Acredito que essa é, provavelmente, a maior e mais complexa operação de origem russa que interrompemos desde o início da guerra na Ucrânia", afirma David Agranovich, diretor da Meta para Disrupção de Ameaças.
Os investigadores disseram que não podem atribuir a rede diretamente ao governo russo. Agranovich, no entanto, destaca o papel desempenhado por diplomatas russos e diz que as atividades dependiam de táticas sofisticadas, a exemplo do uso de vários idiomas e sites falsos cuidadosamente desenvolvidos.
Desde o início da guerra, o Kremlin tem usado a desinformação e também teorias conspiratórias a fim de enfraquecer o apoio internacional à Ucrânia. Grupos ligados ao governo russo acusam ucranianos de forjar ataques, justificam a guerra com alegações infundadas sobre o desenvolvimento de armas biológicas pelos EUA e retratam refugiados como criminosos e estupradores.
Redes sociais e governos europeus vêm tentando reprimir a máquina de propaganda e informações falsas do Kremlin, mas enfrentam dificuldades à medida que a Rússia muda suas táticas.
Rede chinesa nos EUA
Investigadores da Meta, com sede em Menlo Park, na Califórnia, também descobriram uma rede menor de desinformação com origem na China e o objetivo de disseminar conteúdo político polêmico nos EUA.
As atividades chinesas tiveram alcance pequeno entre o público americano, com algumas postagens recebendo apenas um único engajamento. Os posts também exibiram movimentos amadores, que claramente indicaram que não eram americanos, incluindo erros básicos de inglês e o hábito de publicar as mensagens durante o horário de trabalho chinês.
Apesar da ineficácia, a operação é significativa por ser a primeira identificada pela Meta que visava os americanos com mensagens antes das eleições de meio de mandato deste ano. Os posts chineses não apoiavam nenhum partido, mas pareciam tentar incitar a polarização.
"Embora [a operação] tenha falhado, é importante porque é uma nova direção" para operações chinesas de desinformação, destaca Ben Nimmo, que dirige a área de Ameaça à Inteligência Global na Meta.
gb/lf (AP)