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CriminalidadeBrasil

Mais oito corpos são encontrados na Terra Indígena Yanomami

3 de maio de 2023

Cadáveres com marcas de tiros estavam na região do Uxiú, onde um agente de saúde indígena foi assassinado e outros dois Yanomami ficaram feridos. Segundo a PF, uma flecha foi encontrada no local.

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Agentes do Ibama examinam barco do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami
Corpos foram localizados durante sobrevoo da Polícia Federal (PF) na região do Uxiú, na Terra Indígena YanomamiFoto: Edmar Barros/AP Photo/picture alliance

Agentes da Polícia Federal encontraram os menos oito corpos na Terra Indígena Yanomami, após confrontos com indígenas na região ocorridos neste fim de semana. Ainda não há confirmação se as vítimas são indígenas ou garimpeiros.

Segundo informou o jornal Correio Braziliense nesta terça-feira (02/05), os cadáveres foram localizados durante um sobrevoo da Polícia Federal (PF) na região do Uxiú, onde um agente de saúde indígena foi assassinado a tiros e outros dois Yanomami ficaram feridos em confrontos no último sábado.

Os corpos estavam uma espécie de cratera e tinham marcas de tiros. Segundo a PF, uma flecha foi encontrada no local. A suspeita é que as mortes estejam relacionadas com o ataque aos indígenas da comunidade.

Segundo relatos de membros da comunidade que vive na região, após o confronto, um grupo de indígenas seguiu garimpeiros pelo rio, onde houve nova troca de tiros. Uxiu fica na região do rio Alto Mucajaí, uma das rotas utilizadas pelos invasores.

O presidente Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, informou que as três vítimas indígenas foram baleadas por garimpeiros que atuam na região. Ele relatou que os invasores chegaram à comunidade Uxiu, alguns deles encapuzados, e abriram fogo.

A PF abriu um inquérito para investigar o ocorrido e enviou agentes para a comunidade. Os policiais examinaram indícios dos crimes cometidos contra os indígenas, ouviram testemunhas e realizaram uma perícia no local. Os agentes aguardam a conclusão de laudos e relatórios para prosseguirem com as investigações.

Nesta segunda-feira, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima confirmou a morte de quatro garimpeiros em outro ponto da Terra Indígena Yanomami em um ataque realizado neste domingo.

Eles teriam reagido a uma incursão de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com o ministério, durante a ação, foi apreendido armamento de grosso calibre.

O ataque de domingo foi o quarto contra equipes do Ibama desde 6 de fevereiro. De acordo com o Ministério, há indícios de que uma facção criminosa controla o garimpo onde ocorreu o confronto.

O governo federal enviou uma comitiva a Roraima, incluindo as ministras da Saúde, Nisia Trindade, dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e do Meio Ambiente, Marina Silva, que viajaram nesta segunda-feira a Boa Vista. Silva e Guajajara sobrevoaram áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Trindade esteve no Hospital Geral de Roraima para visitar os dois indígenas internados.

Três meses de operação

O clima de tensão entre os invasores e os yanomami tem aumentado desde o final de janeiro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu com a eliminação do garimpo ilegal, após o país decretar emergência na Terra Indígena Yanomami devido à grave situação sanitária, provocada também pela intensa atividade dos mineiros, que contaminaram os rios com mercúrio e devastaram parte do território.   

Segundo levantamento do Ministério do Meio Ambiente, desde então, foram destruídos 327 acampamentos de garimpeiros, 18 aviões, dois helicópteros, centenas de motores e dezenas de balsas, barcos e tratores. Também foram apreendidas 36 toneladas de cassiterita – de onde é extraído o estanho –, 26 mil litros de combustível, além de equipamentos usados pelos criminosos.

De acordo com a Agência Brasil, imagens de satélite apontam uma redução de cerca de 80% de áreas desmatadas para mineração de fevereiro a abril em relação ao mesmo período do ano passado. Mas, de acordo com os indígenas, apesar dos esforços, as ações do governo ainda são insuficientes.

rc (ots)