Mais de um quarto dos brasileiros desaprova governo Temer
8 de junho de 2016Quase um mês depois do afastamento da presidente Dilma Rousseff, o governo interino de Michel Temer tem avaliação negativa de 28% dos brasileiros e positiva de 11,3%, apontou uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (08/06) pelo instituto MDA, encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). A gestão é ainda regular para 30,2%, enquanto 30,5% não souberam opinar.
Na comparação entre Dilma e Temer, a maioria dos entrevistados (54,8%) considera que o desempenho dos dois governos está igual, não percebendo qualquer mudança no país desde que o presidente interino assumiu, em 12 de maio, após decisão do Senado de afastar a petista para que ela responda a processo de impeachment por crime de responsabilidade fiscal.
Por outro lado, o governo Temer está melhor do que o anterior para 20,1% dos brasileiros, e pior para 14,9%. No que se refere ao desempenho pessoal do presidente interino, 40,4% o avaliam de forma negativa, 33,8% o consideram positivo, e 25,8% não souberam opinar.
O levantamento revela também que 46,6% dos entrevistados creem que a corrupção no atual governo será igual à do governo Dilma, enquanto 28,3% acreditam que será menor, e 18,6%, maior.
Dilma e o impeachment
Os participantes foram questionados sobre o que pensam em relação ao processo de impeachment enfrentado por Dilma. Mais da metade (62,4%) considera correta a decisão de afastá-la para julgamento, que para 33% foi um erro.
Segundo 61,5%, o processo foi legítimo, e 33,3% o classificam como ilegítimo. Sobre expectativas em relação ao julgamento, 68,2% acreditam que Dilma será cassada e Temer se manterá na presidência, enquanto 25,3% acham que a petista reassumirá o cargo.
A ação que pede o afastamento de Dilma acusa a presidente de ter praticado as chamadas "pedaladas fiscais", que são atrasos no repasse de recursos a bancos públicos, por exemplo para o pagamento de programas sociais do governo, como o Bolsa Família.
Apesar disso, apenas 33,2% dos entrevistados citam as pedaladas fiscais como motivo do afastamento de Dilma. Para 44,1%, a razão é a corrupção no governo federal, e para 37,3%, é a tentativa de obstrução da Operação Lava Jato, que investiga um megaesquema de corrupção na Petrobras.
A pesquisa revela que 89,3% acompanharam ou ouviram falar da Lava Jato. Deste total, 66,9% consideram Dilma culpada pela corrupção que está sendo investigada, enquanto 71,4% acreditam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem culpa.
Eleições
O levantamento mostra, ainda, que a maioria da população (50,3%) acredita que a eleição para presidente marcada para 2018 deveria ser antecipada para este ano. Enquanto isso, 46,1% são contrários à realização de novas eleições.
Em caso de eleição presidencial em 2018, o ex-presidente Lula, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a ex-ministra Marina Silva (Rede) são favoritos para comandar o país no próximo mandato.
A pesquisa de intenção de voto espontânea para o primeiro turno mostra que 8,6% votariam em Lula, 5,7% em Aécio, 3,8% em Marina, 2,3% em Dilma, 2,1% em Temer e 2,1% no deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). O ex-presidente petista também lidera os cenários estipulados previamente pela pesquisa, com intenções de voto que chegam a 22,3%.
No segundo turno, porém, Lula venceria apenas do atual presidente interino, que seria derrotado em qualquer cenário. Aécio, por sua vez, venceria qualquer fosse seu oponente, segundo o levantamento.
Ações prioritárias
Questionados sobre as ações governamentais consideradas prioritárias para o país, 57% dos brasileiros acreditam que o mais importante é gerar empregos. Em segundo lugar, está a melhoria da saúde pública, para 41,4%.
Segundo 30,6% dos entrevistados, o combate à corrupção é o que deve ser priorizado. A melhoria dos resultados da economia é prioridade para 24,7%, e a redução de gastos do governo, para 15,5%. Em seguida vêm a melhoria da segurança (14,8%) e as reformas necessárias ao Estado (6,8%).
A pesquisa CNT/MDA ouviu 2 mil pessoas em 137 municípios de 25 unidades federativas entre os dias 2 e 5 de junho. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.
EK/abr/rtr/ots