Macron é criticado por defender homenagem ao marechal Pétain
7 de novembro de 2018O presidente da França, Emmanuel Macron, reavivou nesta quarta-feira (07/11) uma polêmica recorrente no país ao defender uma homenagem ao marechal Philippe Pétain, classificando-o como "grande soldado" da Primeira Guerra Mundial, apesar de "escolhas funestas" durante a Segunda.
Figura ambivalente, Pétain é mais conhecido – e desprezado por grande parte dos franceses – por ter aprovado a rendição do país à Alemanha nazista e encabeçado, de 1940 a 1944, o chamado regime de Vichy, de colaboração ativa com os nazistas. Incluindo batidas maciças contra a população judaica, essa política resultou entre 10 mil a 15 mil mortos e 80 mil civis deportados.
Apesar disso, ele será incluído numa homenagem a oito marechais da Primeira Guerra no próximo sábado, em Paris, por ocasião dos cem anos do fim do conflito. A decisão despertou a ira da esquerda francesa e da aliança de grupos judaicos CRIF. Segundo o presidente desta, Francis Kalifat, homenagear Pétain equivale a negar a responsabilidade da França pelas deportações para os campos de extermínio nazistas.
"Eu não perdoo nada, mas não apago nada de nossa história", declarou à imprensa Macron, que não estará presente à cerimônia de sábado. Para ele, "é possível ter sido um grande soldado durante a Primeira Guerra Mundial e feito escolhas funestas durante a Segunda". E enfatizou: "Não oculto nenhuma página da história."
Após a vitória dos Aliados, o marechal foi julgado por traição, despojado de todas as suas honras militares e sentenciado à morte. No entanto, a sentença foi comutada, pelo presidente Charles De Gaulle, para prisão perpétua, e Pétain morreu no cárcere em 1951, aos 95 anos.
O deputado socialista Boris Vallaud aludiu à condenação ao tuitar: "Pétain não pode ter sido acusado de alta traição, sentenciado à degradação nacional e à morte em 1945 e 'ao mesmo tempo' receber uma homenagem nacional em 2018."
Já o líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, afirmou que Pétain "é um traidor e antissemita. Seus crimes e sua traição são imprescritíveis. Macron, desta vez é ir longe demais!"
O historiador Nicolas Offenstadt, especializado na Primeira Guerra, igualmente questionou: "Até agora, o presidente tem, antes, colocado em destaque a experiência coletiva dos soldados, seu empenho e seus sofrimentos. Por que retornar ao culto estreito aos chefes militares, amplamente discutido e discutível?" Além disso, lhe parece "mais do que discutível" que seja tão fácil prestar homenagem pública ao "Pétain de 14-18" sem também "evocar seu papel à frente do regime de Vichy".
AV/afp/dpa/ots
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