Levando Bach à geração MTV
28 de outubro de 2005Cabelo negro cuidadosamente despenteado, ternos elegantes e olhar lânguido: Martin Stadtfeld possui o tipo de apelo que ajudou a lançar as carreiras de outros artistas de sua geração.
Contudo, enquanto os norte-americanos Josh Groban e Michael Bublé galgaram as paradas internacionais com baladas operísticas e versões cover de jazz, o alemão Stadtfeld faz sucesso no campo da música clássica séria.
O lançamento de seu álbum com as Variações Goldberg de Johann Sebastian Bach, em 2004, o estabeleceu como um dos mais bem sucedidos jovens intérpretes da obra bachiana.
Da noite para o dia
Sem dúvida, a idade teve a ver com esta ascensão meteórica. Pois só muita audácia juvenil permitiria a um promissor pianista, natural de Koblenz – e ganhador de vários prêmios – financiar, ele mesmo, a importação de um piano especial da Itália, alugando o estúdio da rádio local para gravar as monumentais Variações Goldberg.
E apenas a autoconfiança inabalável de quem nada tem a perder permitiria enviar, sem ser solicitado, essa gravação à sucursal berlinense da Sony Music. Independente do fato de já constar do catálogo da gravadora nada menos do que a legendária versão das Variações com Glenn Gould (1932–1982).
Conquistando novas faixas de público
Os chefes da Sony ficaram impressionados com a interpretação de Satdtfeld. E logo seu CD ocupava a primeira posição do hit parade alemão de música clássica, com o artista sendo celebrado como uma "sensação" e "a nova cara da música clássica".
A expectativa da Sony de que ele alcance na música erudita o que Josh Groban é para a ópera, ou Michael Bublé para o jazz, parece estar se cumprindo. O afluxo reforçado de jovens fãs a seus concertos mostra como ele conquistou todo um novo grupo-alvo para o gênero.
"Ele é mais acessível do que outros, é completamente sem reservas", admira-se o presidente da Sony Classical na Alemanha, Michael Brüggemann.
Abordagem espontânea
O pianista de 25 anos se declara satisfeito com a forma como sua carreira vai se desenvolvendo. Finalmente ele tem a chance de tocar nas grandes salas e festivais com que sonhava desde a infância. E o melhor: arrebata as platéias sem ter que mudar sua abordagem espontânea das grandes obras eruditas.
"Não me sinto sob pressão", assegura Martin, acrescentando que o importante é "sempre tocar com paixão e realmente dar tudo".
Seu novo CD é dedicado aos concertos nº 20 e 24 de Wolfgang Amadeus Mozart, embora J.S. Bach continue no programa da turnê pela Alemanha, que acaba de iniciar. Pela primeira vez será acompanhado por uma orquestra, a Residentie Orkest de Haia.
A fama do ousado músico já atravessou fronteiras. A Sony Classical registra interesse em Martin Stadtfeld partindo tanto de outros países europeus como dos Estados Unidos e do Japão.