Jovem julgado na Alemanha confessa adesão ao "Estado Islâmico"
10 de outubro de 2014O primeiro militante jihadista a enfrentar um processo criminal na Alemanha resolveu quebrar o silêncio nesta sexta-feira (10/10) e assumiu sua participação em operações de combate do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI).
Kreshnik Berisha, no entanto, não se pronunciou no terceiro dia do julgamento em Frankfurt, mas sim seu advogado, Mutlu Günal, que justificou o comportamento do cliente alegando que ele queria lutar contra o regime do ditador Bashar al-Assad.
"Eu julguei como o meu dever ir à Síria e me colocar contra a opressão e a tirania local", diz o comunicado lido pelo representante legal. "A força incrível que o regime alevita de Assad aplicava contra a maioria sunita me irritou e desconcertou ao mesmo tempo. Ninguém queria ajudar as pessoas de lá."
Segundo o testemunho, ele foi treinado para lidar com armas e fez um juramento de lealdade ao grupo jihadista do EI. Mais tarde, participou de três combates, mas nunca esteve no fronte. Mas quando houve tensão entre membros do EI e outros grupos rebeldes, ele começou a hesitar.
"Eu não entendi por que eles brigam entre si", disse o acusado em sua declaração. Foi a partir deste momento que Kreshnik disse querer voltar para casa.
O jovem alemão de ascendência kosovar foi preso em dezembro de 2013, no seu regresso no aeroporto de Frankfurt. Desde então, ele está em prisão preventiva. O Ministério Público o acusa de pertencer a uma organização terrorista internacional.
"Viver uma vida normal"
Antes da confissão, o tribunal propôs uma pena de acordo com o código penal juvenil, de três anos e três meses até quatro anos e três meses de reclusão. Foi pedido também que ele responda a perguntas do tribunal e da Procuradoria Geral da Alemanha sobre suas atividades com o grupo extremista. Os promotores e a defesa de Kreshnik concordaram, e, no fim de outubro, o jovem deve ser interrogado pelas autoridades.
No comunicado, Kreshnik disse entender agora a importância e o significado de paz e que é grato por isso. "Depois de cumprir minha pena, eu quero ter uma vida normal", salientou. Kreshnik se converteu ao islã em 2011, quando tinha 17 anos de idade.
A conduta do jovem não é incomum no país. As autoridades de segurança calculam que cerca de 450 muçulmanos radicais deixaram a Alemanha rumo à Síria. Lá, eles são recrutados pelo grupo jihadista EI ou apoiam as milícias que combatem o regime de Assad. Cerca de 150 deles já teriam retornado à Alemanha.
PV/afp/dpa