DW Antena
15 de dezembro de 2006As 38 delícias do Oomph!
Por mais que o Oomph! só tenha caído nas graças do grande público a partir de 2004, quando invadiu as paradas com o hit “Augen auf!”, o trio de Braunschweig já está na ativa desde 1989. São mais de 15 anos de provocação ensaiada, às vezes forçando demais a barra e exagerando no teatro, mas enfim…Desde o começo, eles investiram numa mistura de eletrônicos e guitarras pesadas, e se gabam de ter servido de influência até para o Rammstein.
Pois eles acabam de lançar Delikatessen, uma coletânea dupla com seus principais sucessos e b-sides que já são quase raridades. A banda teve a preocupação de incluir faixas de todos os seus nove álbuns: fãs não deixariam de mencionar “Sex” ou a controversa “Gott ist ein Popstar”, nem as diversas parcerias, por exemplo com Nina Hagen (“Fieber”), L’Ame Immortelle (“Brennende Liebe”) ou os violoncelistas finlandeses do Apocalyptica (“Die Schlinge”).
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Lacaios à sua disposição
Inspirados pelo inverno que chega, resolvemos tirar os góticos da gaveta. Na Alemanha, eles foram carinhosamente apelidos de Grufties (de Gruft, que em português significa sepultura ou cova funerária). Pois bem, por aqui os Grufties nunca deixaram de constituir uma cena independente e articulada. Certas bandas continuam sendo ouvidas com fidelidade, sem levar em conta o passar das décadas. Deine Lakaien é uma delas.
Ernst Horn e Alexander Veljanov criaram a banda em 1985 em Munique – o primeiro inspirado por ópera, música folclórica e medieval; o segundo, pela então agitada cena punk e new wave. Ao longo dos anos, eles lançaram tanto composições de piano e voz (aliás, uma voz inesquecivelmente grave) quanto faixas mais dançantes e eletrônicas.
Em abril de 2006, a dupla foi convidada pela Alte National Galerie de Berlim para fazer um show acústico no contexto de uma mega-exposição sobre a melancolia. Agora, eles se preparam para um grande evento: sua primeira (e provavelmente última) turnê orquestrada, em parceria com a Neue Philarmonie de Frankfurt. Os ingressos estão à venda.
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Reveillón conectado
Enquanto não chega o momento de dizer Frohes Neues Jahr (Feliz Ano Novo), os alemães vão desejando um Guten Rutsch, um “bom escorregão” no ano que chega. Neste ano, cariocas, berlinenses e turistas que tiverem a sorte de aí estarem vão participar da mesma festa, organizada pela fabricante de celulares Nokia simultaneamente em cinco cidades: Hong Kong, Mumbai e Nova York, além de Rio de Janeiro e Berlim. Enquanto os Black Eyed Peas tocarem na praia de Ipanema, os alemães dançarão diante do Portão de Brandemburgo ao som do pop retrô dos Scissor Sisters, que aliás virou febre na Alemanha.
Na próxima página: a banda alemã Jeans Team acaba de lançar seu terceiro álbum.
Jeans Team:
Cerca de 10 anos atrás, quatro berlinenses começaram a explorar com teclados à la década de 80, sintetizadores e batidas eletrônicas, gritando insanamente frases como "Eu não canto melodia alguma, eu canto um dois, três, quatro". A crueza da atitude embutida na perfomance e a simplicidade da faixa "Keine Melodien" levaram críticos de música alemães à comparação quase imediata com clássicos da Neue Deutsche Welle como Trio ("Da Da Da") e DAF.
Durante muito tempo, a banda foi recebida no meio alternativo alemão como um one-hit wonder, mesmo que ninguém negasse seu frescor e potencial. Vários DJs remixaram a faixa, que estourou nas pistas, e até a diva ao contrário Peaches gravou sua própria versão.
Até que a banda, que já lotava clubes em Berlim, foi descoberta pelo selo Kitty-Yo, pelo qual lançou seu primeiro álbum no ano 2000. Ding Dong trazia na capa uma luminária que a banda encontrou no bairro de Wedding, em Berlim, e que lhe serviu de inspiração na hora de escolher o nome.
Música de cima
Mas, lançado o álbum de estréia, o furor em torno da banda diminuiu. Para piorar, brigas internas forçaram o grupo a deixar a gravadora. Eles decidiram dar tempo ao tempo e demorar o quanto fosse preciso na composição do álbum seguinte. Pouco se ouviu deles até que, passados quatro anos, retornaram de gravadora e disco novos.
Musik von oben (Música de cima) foi um disco muito mais trabalhado, que exigia ouvidos mais atentos e preenchia muitos dos vazios deixados pelo anterior. Com ele, a banda se inseriu ainda mais claramente no cenário da música eletrônica e, embora soando muito mais madura, nunca perdeu o frescor e a aparência de meninos inocentes.
Só que faltaram ouvidos atentos na Alemanha e o disco foi muito mais bem recebido no exterior do que em casa. Além da turnê nacional, eles viajaram pela Suíça, Áustria, França, Espanha, Inglaterra, Irlanda, Escandinávia e Canadá.
Em entrevista à revista Spex, eles mesmos descreveram o álbum como um elástico que, de tanto puxar, não voltou à forma original. Segundo a revista, "quando eles ressurgiram com sua aventura em hi-fi, notaram que ninguém havia esperado por eles".
"Trilha sonora da boemia digital"
Embora tenha começado como um quarteto, na prática e ao vivo, o Jean Team é um trio formado por Reimo Herfort, Franz Schütte e Henning Watkinson, já que Gunter Kreis cada vez mais se afasta do grupo para dedicar-se à profissão de editor de cinema, continuando apenas como membro passivo. No terceiro álbum, pela primeira vez a banda começou a compor a três.
Kopf auf parece ter encontrado mais reconhecimento. Nele não há nem a histeria e a atitude do primeiro, nem a estrutura e a ambição do segundo. Pelo contrário, lá estão reforçados o desprendimento e a leveza que de certa forma sempre foram marcas registradas da banda, e o disco não levou mais de meio ano para ficar pronto.
Segundo o jornal Die Welt, essa é a "trilha sonora da boemia digital". Mas eles passaram a usar instrumentos acústicos e algumas faixas têm até um toque de folk. Da primeira à última faixa, há uma clara mensagem de otimismo, de aprender a dizer não a certas coisas e abrir mão do que não for realmente essencial para poder viver melhor.
A imprensa registrou tudo isso como um retorno à natureza. A banda corrigiu, lembrando que eles nãorecomendam literalmente trocar a cidade pelo campo, mas que esse "retorno à natureza" pode acontecer só no plano mental. Assim, o visual de garotos inocentes se confronta com mensagens de tom anárquico: "Sem Deus, sem Estado, sem trabalho, sem dinheiro – minha pátria é o mundo" ("Das Zelt", em português: a barraca).
Mesmo que o Jeans Team já exista há mais de 10 anos, a banda ainda insiste em soar como uma trupe de amadores absolutos, à procura de um lugar no horizonte da indústria musical. Ainda bem!