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TecnologiaItália

Itália bane ChatGPT por possíveis ameaças à privacidade

31 de março de 2023

Agência italiana bloqueia temporariamente chat baseado em inteligência artificial e inicia investigação para apurar suspeita de violação da legislação sobre dados pessoais. Empresa OpenAI está sujeita a multa milionária.

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Logo do ChatGPT
Foto: Avishek Das/SOPA Images via ZUMA Press Wire/picture alliance

A agência de proteção de dados da Itália decidiu nesta sexta-feira (31/03) banir temporariamente o software ChatGPT, sistema de chat baseado em inteligência artificial (IA), e lançou uma investigação para apurar uma suspeita de violação das regras de coleta de dados.

A empresa americana OpenAI, responsável pelo ChatGPT, trabalha sem "qualquer base legal que justifique a coleta e armazenamento em massa de dados pessoais com o objetivo de 'treinar' os algoritmos subjacentes à operação da plataforma", afirmou a Garante per la Protezione dei Dati Personali (GPDP).

A agência destacou, ainda, a falta de clareza sobre quais dados estavam sendo coletados. As respostas erradas fornecidas pelo chatbot sugeririam que os dados não estão sendo tratados adequadamente, e a empresa estaria expondo crianças a "respostas absolutamente inadequadas".

Isso, porque o aplicativo apoiado pela Microsoft também não estaria verificando a idade de seus usuários, que deveriam ter 13 anos ou mais, acusou a GPDP. A OpenAI tem agora 20 dias para responder à acusação e pode receber uma multa de 20 milhões de euros ou até 4% de sua receita mundial anual.

Com a medida, a Itália se tornou o primeiro país do Ocidente a tomar medidas contra um chatbot alimentado por inteligência artificial. O ChatGPT também está bloqueado na China continental,  Hong Kong, Irã e Rússia, além de partes da África.

Sensação global alvo de críticas

O ChatGPT causou sensação global quando foi lançado m 2022, por sua capacidade de gerar redações, músicas e até artigos de notícias a partir de breves solicitações. O grande sucesso rendeu à OpenAI um acordo multibilionário com a Microsoft, que usa a tecnologia em seu mecanismo de busca Bing e em outros programas.

Também provocou uma corrida desenfreada entre outras empresas de tecnologia, com concorrentes lançando seus próprios chatbots, e investidores despejando dinheiro em todos os tipos de projetos de IA.

Mas críticos expressam apreensão por não estar claro onde o ChatGPT e seus concorrentes obtêm seus dados e como os processam. Universidades e algumas autoridades de educação proibiram o chatbot por temerem que os alunos possam usá-lo para escrever redações ou colar nas provas.

O rápido desenvolvimento da tecnologia também atraiu a atenção de legisladores de vários países. Diversos especialistas reivindicam novos regulamentos para controlar a IA, devido a seu potencial impacto na segurança nacional, empregos e educação.

Na quarta-feira foi divulgada uma carta aberta assinada por centenas de especialistas e personalidades do setor, pedindo uma pausa no desenvolvimento de sistemas de IA poderosos, argumentando que eles representam "riscos profundos para a sociedade e a humanidade".

A carta foi motivada pelo lançamento, no início de março, do GPT-4, uma versão mais poderosa do software e com ainda menos transparência sobre suas fontes de dados.

Estima-se que o ChatGPT tenha atingido 100 milhões de usuários ativos mensais em janeiro, apenas dois meses após seu lançamento, tornando-se o aplicativo de consumo com o crescimento mais rápido da história, segundo um estudo publicado em fevereiro.

ek/av (Reuters, AP, AFP, DPA)