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Israel proíbe Nobel de Literatura Günter Grass de entrar no país

Carlos Albuquerque8 de abril de 2012

Governo israelense considou o autor "persona non grata" após a divulgação de poema em que Grass acusa Israel de ameaçar a paz mundial. Grass vem recebendo críticas também na Alemanha.

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Foto: dapd

O governo israelense decidiu proibir a partir deste domingo (08/04) a entrada no país do Nobel de Literatura alemão Günter Grass, considerando-o "persona non grata" após a publicação de um poema de Grass, 84 anos, criticando Israel. Os israelenses recorreram a uma lei antiga que permite que o governo negue a entrada de ex-nazistas no país. Há alguns anos, Grass revelou ter servido às forças nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Em poema publicado na última quarta-feira no jornal Süddeutsche Zeitung, intitulado O que precisa ser dito, Günter Grass diz que o Irã é ameaçado por Israel com um ataque nuclear preventivo, que poderia apagar do mapa o povo iraniano. Ele ainda acusou Israel de colocar em perigo a paz mundial com seu poder nuclear.

O governo iraniano vem desenvolvendo um programa nuclear há anos no país, o qual não seria usado, segundo Teerã, para fins bélicos. O programa, no entanto, é encarado por Israel como uma ameaça.

O ministro israelense do Interior, Eli Yishai, afirmou por meio de seu porta-voz que o poema de Grass teve como objetivo "atiçar o fogo do ódio sobre o Estado e o povo de Israel". E que o autor alemão queria dar continuidade às ideias "que ele apoiava abertamente quando usava o uniforme nazista".

"Se Grass queria divulgar seu trabalho distorcido e mentiroso, sugiro que o faça do Irã", afirmou Yishai. "Lá ele encontraria público para isso".

Günter Grass em visita a Israel na década de 60
Günter Grass em visita a Israel na década de 60Foto: picture-alliance/dpa

Durante um encontro com o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, o ministro israelense do Exterior, Avigdor Lieberman também fez duras críticas a Grass. Liebermann disse que as palavras do escritor alemão expressam cinismo , e que intelectuais como ele estão prontos para "sacrificar judeus num altar de antissemitas".

Crítica alemã

O escritor vem recebendo críticas também em seu país. Em um artigo publicado no jornal Bild am Sonntag, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, escreveu que "colocar Israel e Irã no mesmo patamar moral não é algo espirituoso, mas sim absurdo". Westerwelle afirmou ainda que quem banaliza a ameaça que representa o armamento nuclear do Irã nega a realidade.

O escritor alemão Rolf Hochhuth, conhecido por suas declarações controversas e moralistas, disse sentir vergonha por Grass, afirmando que este continua sendo voluntariamente um "homem do nacional-socialismo".

Uma das estátuas de Günter Grass do campus da Universidade de Göttingen apareceu pichada. Os autores do vandalismo ainda são desconhecidos. Na base da escultura de quase dois metros de altura foi escrito em vermelho: "SS! Günni cale a boca".

MSB/dpa/dapd/epd
Revisão: Carlos Albuquerque