Venezuela se irrita com o Brasil e convoca embaixador
30 de outubro de 2024Em novo capítulo das rusgas diplomáticas entre Brasil e Venezuela desde que o regime chavista proclamou a reeleição de Nicolás Maduro, Caracas convocou nesta quarta-feira (30/10) seu embaixador em Brasília a voltar ao país.
Na diplomacia, o ato de convocar um embaixador é uma forma de demonstrar irritação com o país anfitrião.
O país também convocou o representante de negócios do Brasil para dar explicações – a embaixadora, Glivânia Oliveira, está de férias –, e ameaça declarar o assessor especial de Assuntos Exteriores, Celso Amorim, como "persona non grata".
O gesto, segundo nota divulgada por Caracas, é uma resposta "às recorrentes declarações intervencionistas e grosseiras" de representantes do governo brasileiro, "em particular as feitas" por Amorim, a quem chamou de "mensageiro do imperialismo norte-americano".
Um dia antes, em audiência na Câmara dos Deputados, Amorim atribuiu o veto recente do Brasil à entrada da Venezuela no Brics à "quebra de confiança" na eleição presidencial. Maduro foi declarado reeleito pelo órgão eleitoral do próprio regime chavista em um processo intransparentee que não foi reconhecido por parte da comunidade internacional. Até hoje o regime não divulgou as atas de votação do pleito. Amorim acompanhou a votação como observador.
"No caso da Venezuela, houve uma quebra de confiança dentro do processo eleitoral, algo nos foi dito e não foi cumprido", disse Amorim, sem citar nomes e esquivando-se de dizer aos deputados se considerava ou não o país como uma ditadura.
A nota do ministério venezuelano das Relações Exteriores afirma que Amorim emite "juízos de valor sobre processos que são responsabilidade exclusiva dos venezuelanos e de suas instituições democráticas".
Brasil não reconheceu reeleição de Maduro
No poder há 11 anos, Maduro foi declarado vencedor em uma eleição contestada pela oposição e por órgãos internacionais. O resultado foi oficializado por Caracas sem a divulgação das atas eleitorais, a despeito da pressão internacional por transparência e em meio a amplas suspeitas de fraude.
Por causa disso, o Brasil até agora não reconheceu a reeleição de Maduro. Mais recentemente, o país também barrou a entrada da Venezuela no Brics, grupo de economias emergentes liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A atitude foi classificada por Caracas como "antilatino-americana", "irracional" e "desproporcional".
ra (AFP, EFE, ots)