Iraque fecha presídio de Abu Ghraib em meio a avanço de insurgentes
16 de abril de 2014O maior centro de tortura do regime de Saddam Hussein foi fechado nesta terça-feira (15/04) sob alegação de "falta de segurança". A cerca de 30 km de Bagdá, Abu Ghraib está localizada numa zona de tensão entre forças do governo e insurgentes islâmicos.
Segundo o ministro da Justiça do país, Hassan al-Shimmari, a medida foi tomada por precaução. Ainda não está claro, no entanto, se o fechamento é temporário ou definitivo.
Cerca de 2,4 mil presos foram transferidos para outra unidades prisionais na região central e no norte do país, informou o ministro. Durante um ataque a Abu Ghraib e outra prisão nos arredores em julho do ano passado, militantes ajudaram centenas de detentos a fugir. Cerca de 50 presos e funcionários foram mortos.
A prisão está localizada na província sunita de Anbar, no oeste do Iraque. A área entre Bagdá e a cidade de Falluja está sob o controle do grupo jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante desde janeiro. Na região, confrontos entre a Al Qaeda e as forças do governo já custaram a vida de mais de 2,5 mil pessoas apenas neste ano.
Nesta quarta-feira (16/04), insurgentes radicais tomaram o povoado de Abadi, nas proximidades de Abu Ghraib, e estão cada vez mais perto da prisão, informou um legislador sunita ao jornal independente Al-Mada.
De acordo com ele, os moradores, que são de maioria sunita, adotam uma "posição neutra". "Essa é uma resposta do povo às retaliações do Exército, que cada vez mais atingem os insurgentes", afirmou.
Histórico de tortura
O presídio de Abu Ghraib abrigava detidos ou condenados por terrorismo. Durante o regime de Saddam Hussein, milhares de detentos foram executados.
Em 2004, um ano após a invasão do país pelos Estados Unidos, foram divulgadas fotos mostrando soldados americanos praticando agressões e humilhando os presos, mesmo fora dos interrogatórios.
Uma das imagens mostra um prisioneiro com capuz sob uma caixa com as mãos e o pênis amarrados a um arame. Investigações apontaram que, apesar de saber dos abusos, a direção do presídio não tomou nenhuma providência.
Um relatório elaborado pelo Exército dos Estados Unidos concluiu que o comportamento dos agentes foi "impróprio" e tinha traços "desumanos e sádicos". Depois que o escândalo veio à tona, mais de dez militares dos EUA foram condenados à prisão.
KG/ap/afp/dpa