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CriminalidadeFrança

Revelados abusos sexuais na patinação artística francesa

5 de agosto de 2020

Mais de 20 treinadores são acusados por abusos que foram praticados por mais de três décadas contra adolescentes. Caso foi denunciado por ex-patinadora em livro.

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Os patinadores artísticos no gelo franceses Sarah Abitbol e Stephane Bernadis
Com Stephane Bernadis, Sarah Abitbol conquistou o bronze no Mundial de 2000 e dez títulos franceses de patinação no geloFoto: Imago/PanoramiC

Mais de 20 treinadores franceses de patinação artística cometeram abusos sexuais sistematicamente contra adolescentes por mais de três décadas, segundo indicam evidências de uma investigação sobre a Federação dos Esportes de Gelo do país (FFGS) reveladas na última terça-feira (04/08).

Iniciada em fevereiro por ordem do Ministério da Cidade, da Juventude e dos Esportes da França, a investigação foi motivada por acusações feitas num livro recente da ex-patinadora artística Sarah Abitbol. Nele, a decacampeã francesa acusou o treinador Gilles Beyer de estuprá-la repetidamente quando ela era ainda adolescente, entre 1990 e 1992. A promotoria de Paris abriu uma investigação criminal.  

As acusações divulgadas no livro também levaram Didier Gailhaguet, que comandava a Federação dos Esportes de Gelo há mais de 20 anos e afirmou nunca ter protegido Beyer, a renunciar em fevereiro.

Para coletar informações, o ministério criou uma plataforma para registrar e analisar o testemunho de atletas. À medida que mais e mais mulheres se apresentavam, aumentavam as evidências.

Após meses de investigação, o ministério classificou as conclusões como "incomparáveis internacionalmente" e acrescentou que "o volume de casos identificados é indicativo de práticas e comportamentos que foram repetidos por gerações de treinadores". O relatório também concluiu que alguns treinadores tinham "problemas reais com bebida alcoólica".

Os investigadores identificaram ainda uma estrutura clandestina da FFSG caracterizada como "uma forte concentração de poderes envolvendo apenas alguns diretores".

O relatório aponta que essa estrutura "encorajava uma forma de omertà [código de honra] em relação a suspeitas sobre treinadores e pode ter levado à ausência de procedimentos disciplinares ou até simples investigações".

A investigação foi realizada com a assistência da Inspeção Geral de Educação, Esporte e Pesquisa, que encaminhou o relatório à promotoria pública em Paris. O ministério relatou ainda que um treinador ativo foi preso em fevereiro e cinco foram proibidos em abril de executarem treinos.

No cômpito geral, 12 treinadores – três deles com condenações anteriores – foram acusados de assédio e abuso sexual. Outros sete treinadores foram acusados de abuso físico ou verbal. Dois indivíduos nomeados nos depoimentos das atletas morreram antes da conclusão da investigação.

PV/afp/ap

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