Diretores da Federação de Ginástica renunciam nos EUA
26 de janeiro de 2018Todos os diretores da Federação de Ginástica dos Estados Unidos irão renunciar devido ao escândalo dos casos de abuso sexual cometido pelo ex-médico da equipe americana de ginástica Larry Nassar, afirmou uma porta-voz da entidade nesta sexta-feira (26/01). Cinco já deixaram seus cargos. O pedido das demissões foi feito pelo Comitê Olímpico dos EUA (USOC).
"A federação cumprirá o pedido feito pelo USOC", confirmou a porta-voz Leslie King.
Um dia após a condenação de Nassar, o comitê olímpico, por meio de uma carta aberta, solicitou na quinta-feira a renovação no quadro de diretores da federação, alegando que é preciso começar do zero, enquanto é aberto um processo de investigação exaustiva para averiguar como foi possível que durante duas décadas Nassar pudesse cometer os crimes com total impunidade.
O ex-médico foi condenado a uma pena de 40 a 175 anos de prisão por abusar sexualmente de dezenas de atletas. Mais de 150 mulheres e meninas acusaram Nassar de abuso sexual, entre elas as medalhistas olímpicas Simone Biles, Aly Raisman, Gabby Douglas e McKayla Maroney.
O USOC ameaçou retirar o poder da federação para atuar na modalidade se os 16 diretores que ainda se mantinham na entidade não renunciassem até a próxima quarta-feira. Três membros da direção já haviam pedido demissão logo após as ginastas terem acusado a federação de não ter feito nada para protegê-las dos abusos. Um quinto diretor deixou o cargo nesta sexta-feira.
Demissões em universidade
O escândalo levou ainda a renúncia de funcionários do alto escalão da Universidade Estadual de Michigan, onde Nassar trabalhou. A primeira a pedir demissão foi a reitora da instituição, Lou Anna Simon. Nesta sexta-feira, foi a vez do diretor esportivo, Mark Hollis, anunciar sua saída.
"Esta não foi uma decisão fácil para a minha família, e não devem ser tiradas conclusões baseadas na nossa decisão, somente ouvir os fatos. Não estou fugindo de nada, estou me aposentando. Comodidade, compaixão e compreensão para com as vítimas e a nossa comunidade; união, tempo e amor para a minha família", destacou Hollis.
O ex-dirigente supervisionou o esporte no campus onde Nassar agrediu sexualmente suas pacientes e outras pessoas na clínica da universidade durante quase duas décadas. Ninguém acusou Hollis de ter conhecimento direto dos crimes, mas pelo menos seis mulheres disseram que alertaram um técnico de atletismo sobre o comportamento do médico e nenhuma medida significativa foi tomada. Algumas dessas advertências foram feitas em 1997.
Várias das mulheres que foram abusadas pelo médico são ex-atletas da universidade que fizeram parte das equipes femininas de ginástica, vôlei e remo.
A universidade é alvo de uma investigação da Procuradoria de Michigan que apura se há mais acusações de abuso contra outros funcionários.
Em decorrência do escândalo, o USOC, juntamente com Congresso americano e o Departamento de Educação, iniciaram uma ampla investigação sobre abuso sexual nos esportes. O inquérito visa apurar se autoridades esportivas ignoraram os crimes cometidos por Nassar e analisar acusações de assédio feitas contra outros funcionários.
CN/rtr/efe/ap
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