1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Imagens de Hitler e Goebbels em Parlamento de Brandemburgo geram polêmica

15 de janeiro de 2014

Retratos alterados de figuras controversas da história da Alemanha fazem parte de exposição na nova sede do Parlamento de Brandemburgo. Apesar da polêmica, a presidência da casa decidiu manter as obras expostas.

https://p.dw.com/p/1AqvH
Foto: picture-alliance/dpa

Antes mesmo de sua inauguração, a nova sede do Parlamento do estado alemão de Brandemburgo já está cercada de controvérsias. A polêmica gira em torno de retratos alterados de Adolf Hitler, do ministro da Propaganda do regime nazista, Joseph Goebbels, e do ditador soviético Josef Stálin. As obras estão expostas desde o último fim de semana nos corredores do edifício, na cidade de Potsdam.

No total, são 112 imagens que o artista berlinense Lutz Friedel, de 65 anos, usou para ilustrar quase 400 anos da história alemã. Personalidades como Franz Kafka, Anne Frank e o ex-chanceler federal alemão Helmut Schmidt podem ser vistas ao lado das imagens dos ditadores.

A mostra Ich! Meine Selbstporträts zwischen 1635 und 2003 ("Eu! Meus autorretratos entre 1635 e 2003", em tradução livre) é composta por pinturas feitas sobre imagens e cartazes originais.

Apesar de uma ação da União Democrata Cristã (CDU) – partido de Angela Merkel – pedindo a remoção das imagens, a presidência do Parlamento decidiu nesta quarta-feira (15/01) pela permanência da exposição e dos retratos dos ditadores. O assunto, porém, ainda não está livre de controvérsias.

Discutir a história

A vice-presidente da casa, Gerrit Grosse, do partido A Esquerda, argumentou que a exposição motiva discussões sobre a história, tanto para os políticos quanto para os cidadãos. Antes da decisão da presidência da casa, Grosse já havia afirmado que não gostaria de viver "em um país onde alguém determina quais quadros eu posso ou não expor".

A delegada do governo federal alemão para a Cultura e os Meios de Comunicação, Monika Grütters, do partido governista CDU, havia expressado preocupação com a exposição das imagens polêmicas, chegando a qualificar a mostra como "extremamente problemática". "Acho que um artista tão autocrítico como Friedel deveria ter previsto as reações que seu trabalho poderia causar", observou a deputada.

Associações de vítimas do regime nazista e o Conselho Central dos Judeus da Alemanha também se manifestaram contra a exposição. O presidente da organização judaica, Dieter Graumann, afirmou que esperava maior "sensibilidade política", e acrescentou que "retratos de criminosos nazistas não têm lugar no Parlamento".

Lutz Friedel Ausstellung im brandenburgischen Landtag
Presidência do Parlamento decidiu manter a exposição do artista Lutz FriedelFoto: picture-alliance/dpa

No entanto, Lutz Friedel se diz ultrajado com o nível das discussões em torno de sua obra. "É no mínimo maldoso insinuar que eu pretendo glorificar Hitler e a escória nazista", defende-se. O artista de 65 anos diz que a intenção era provocar o pensamento crítico em relação à história.

"Quando a arte não é boa, não gera provocações"

A imagem mais controversa da exibição é um retrato do comediante alemão Helge Schneider travestido de Hitler. Friedel argumenta que se trata somente de uma imagem de Schneider atuando em uma comédia sobre Hitler, e não do líder nazista.

"Quando a arte não é boa, não gera provocações", argumentou a curadora da exposição e diretora do Museu de Arte Jovem de Frankfurt do Oder, Brigitte Rieger-Jähner. Ela lembra que as obras de Friedel eram alvos frequentes de censura na época da Alemanha Oriental de regime comunista. "Felizmente, esses dias já acabaram", ressaltou a curadora.

Gerrit Grosse anunciou também nesta quarta-feira que a casa estará aberta à visitação no fim de semana, e que a assembleia vai disponibilizar informações complementares sobre a exposição ao público. A curadora e o artista estarão à disposição para responder às perguntas dos visitantes. A inauguração oficial do novo Parlamento será no dia 21 de janeiro. Uma vernissage da exposição deverá ocorrer também no mês de janeiro.

RC/dpa/epd