Guru econômico de Bolsonaro é investigado por fraude
10 de outubro de 2018O economista Paulo Guedes, que coordena o programa econômico do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e é cotado para assumir o Ministério da Fazenda em um eventual governo do ex-capitão, está sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) em Brasília. Ele é suspeito de ter cometido fraudes na captação de recursos de fundos de pensão de estatais. O procedimento foi instaurado no último dia 2 de outubro. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
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De acordo com a publicação, os procuradores apontaram que Guedes se associou com políticos do MDB e do PT entre 2009 e 2013 que atuavam como gestores de fundos de pensão e da sociedade por ações BNDESPar. Esses gestores são suspeitos de terem facilitado negócios que geraram lucros excessivos para o economista.
A intenção dos negócios, segundo o MPF, seria a de cometer "crimes de gestão fraudulenta ou temerária de instituições financeiras e emissão e negociação de títulos imobiliários sem lastros ou garantias".
De acordo com a Folha de S.Paulo, Guedes captou ao menos R$ 1 bilhão de sete fundos como o Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios), além do BNDESPar — um dos braços do BNDES.
Ainda segundo o jornal, à época dos negócios, a Previ era gerida por Sérgio Rosa, um militante do PT e o Postalis, por Alexej Predtechensky, ligado ao MDB.
Um dos negócios suspeitos citados pelo jornal envolve o Fundo de Investimento em Participações (FIP) BR Educacional, que tinha participação de Guedes. O fundo captou entre as estatais 400 milhões de reais entre 2009 e 2013 para projetos educacionais.
No primeiro ano do negócio, em 2009, 62 milhões de reais foram direcionados para uma única empresa, a HSM Educacional, também controlada por Guedes. A HSM Educacional, por sua vez, usou parte desses recursos para adquirir outra empresa na mesma época, chamada HSM do Brasil, que praticamente só existia no papel.
Apesar da injeção de recursos, as duas empresas passaram então a registrar prejuízos seguidos. De acordo com as investigações, os maus resultados foram impactados por custos altos com pagamento de palestras e de pessoal. A HSM do Brasil, por exemplo, gastou entre 2009 e 2012 11,9 milhões de reais em remuneração de palestrantes. Na mesma época, Guedes viajava pelo Brasil participando de palestras promovidas pela HSM.
Procurado pela Folha de S.Paulo, Guedes não comentou o caso.
Essa não é a primeira vez que Guedes viu seu nome ligado a um caso de suspeita de fraude. Em setembro, ele foi apontado pela Justiça do Rio de Janeiro como um dos beneficiários de uma fraude que causou prejuízos para a Fapes, fundação responsável pelas aposentadorias de funcionários do BNDES.
Em uma decisão proferida em julho, a Justiça citou Guedes em uma lista de clientes da corretora Dimarco que registraram ganhos atípicos no período em que as fraudes ocorreram.
Três executivos da Dimarco foram condenados por gestão fraudulenta de instituição financeira. Guedes, no entanto, não é réu no processo.
Cotado para a Fazenda no caso de uma vitória de Bolsonaro, Guedes defende uma agenda ultraliberal de privatizações e reformas tributárias e da Previdência. Ao longo do ano, ele foi apresentado de forma entusiasmada pelo candidato do PSL, que apelidou o economista de seu "posto Ipiranga", uma figura que ele pode consultar sobre todos os assuntos econômicos, tema que Bolsonaro já admitiu não dominar.
No final do ano passado, Guedes chegou a se aproximar de Luciano Huck, mas acabou se associando a Bolsonaro quando o apresentador de TV desistiu de concorrer à Presidência. PhD pela Universidade de Chicago - berço do neoliberalismo econômico -, Guedes também se destacou ao longo da campanha pela controvérsia gerada em torno de comentários sobre uma eventual recriação da CPMF e a adoção de uma alíquota única de Imposto de Renda, que acabaria por beneficiar pessoas mais ricas.
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