Grupo Amigos da Síria aumenta pressão sobre regime de Bashar al-Assad
24 de fevereiro de 2012O primeiro encontro do grupo Amigos da Síria, formado por mais de 60 países, pediu nesta sexta-feira (24/02) em Túnis, capital da Tunísia, uma ação mais forte contra a repressão na Síria e disse estar pronto para tomar medidas "políticas, diplomáticas e econômicas" mais duras contra o regime de Bashar al-Assad.
"Precisamos procurar meios de forçar um embargo de armas contra o regime", disse Ahmet Davutoglu, ministro do Exterior da Turquia. Segundo ele, vários países, incluindo a Turquia, já tomaram essa iniciativa, mas seria preciso um esforço maior.
Como a saída diplomática não teria ajudado até agora a acabar com a violência, Davutoglu se disse a favor de outras medidas. A Liga Árabe sugeriu a criação de um corredor humanitário, que pudesse levar alívio às áreas mais afetadas pelo conflito. O confronto entre as forças do presidente Assad e os rebeldes já dura 11 meses.
Em conversa com a secretária norte-americana de Estado Hillary Clinton, o ministro saudita do Exterior, Saud al-Feisal, disse que armar os rebeldes "seria uma ideia excelente". De Washington, porém, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, comentou que "uma maior militarização na Síria neste momento não seria inteligente".
Sobre uma intervenção militar no país ninguém quis saber, depois que Rússia e China usaram seu poder de veto para impedir várias medidas coercivas contra a Síria. Rússia e China, aliás, não foram a Túnis.
Hillary Clinton ressaltou que "se o regime de Assad não permitir que a ajuda para salvar vidas chegue aos cidadãos, ele terá mais sangue em suas mãos". Dirigindo-se a Assad, ela ameaçou: "Você vai pagar um preço muito caro por ignorar a vontade da comunidade internacional e violar os direitos humanos do seu povo". Em Túnis, ela também anunciou a liberação de 10 milhões de euros para os esforços humanitários na Síria.
No local dos conflitos
Enquanto isso, a Cruz Vermelha anunciou que, finalmente, conseguiu entrar na cidade de Homs para atender os casos urgentes. Ambulâncias da organização resgataram pessoas atingidas pelos bombardeios no distrito de Baba Amr, inclusive dois jornalistas ocidentais feridos e o corpo de outros dois mortos.
Pelo menos 66 civis morreram nesta sexta-feira em meio aos confrontos. Segundo estimativa das Nações Unidas, pelo menos 5.400 cidadãos foram mortos em consequência da repressão comandada pelas tropas de Assad. Ativistas sírios dizem que esse número seria de 7.300 pessoas.
Ações paralelas
A União Europeia anunciou que irá congelar na próxima segunda-feira os bens do Banco Central da Síria, segundo informou o ministro francês do Exterior, Alain Juppé.
O ministro do Exterior alemão chamou de "escolha inteligente" a nomeação de Kofi Annan como enviado especial das Nações Unidas e Liga Árabe para o caso Síria. O ex-secretário-geral da ONU tem "uma autoridade que não pode ser ignorada por países como Rússia ou China", adicionou Westerwelle.
"Nós precisamos trabalhar contra um agravamento do conflito e precisamos tirar do regime as ferramentas que permitem dar continuidade à violência", comentou Guido Westerwlle.
O presidente da Tunísia recomendou que Assad e sua família vão para o exílio, por exemplo, na Rússia. Moncef Marzouki sugeriu que Assad dê esse passo e abra caminho para o vice, Faruk al-Scharaa, assumir o poder na Síria - de maneira semelhante ao que ocorreu no Iêmen.
NP/dpa/rts/dpad/afp
Revisão: Francis França