Greve de maquinistas paralisa trens na Alemanha
16 de novembro de 2023Uma greve dos operadores de trens na Alemanha provocou cancelamentos em massa em todo o país nesta quinta-feira (16/11), com apenas 20% dos trens em circulação.
O Sindicato dos Maquinistas da Alemanha (GDL, na sigla em alemão) disse que os efeitos da chamada greve de advertência – ou greve relâmpago – iniciada na noite desta quarta-feira, variavam entre os estados do país.
"Em algumas regiões não há nenhum trem circulando", informou durante a paralisação a empresa ferroviária alemã Deutsche Bahn (DB). Além de afetar o tráfego de passageiros, o prejuízo aos transportes de carga também devem ser grandes.
Após o fim das paralisações no final da tarde desta quinta-feira, a DB disse que trabalhava para retomar à normalidade com a maior rapidez possível.
Ainda assim, era esperado que houvesse complicações aos passageiros na sexta-feira, quando muitas pessoas iniciam suas viagens do fim de semana.
Salários e jornada de trabalho
A demanda principal do GDL são os salários. O sindicato exige um aumento de 555 euros por mês (R$ 2,9 mil) e um bônus de 3 mil euros para compensar a inflação em um período de 12 meses, além de aumentos da remuneração nos turnos de trabalho. Em contrapartida, a DB concordou em um aumento de 11% e um bônus de 2.850 euros pagos em 32 meses.
Os trabalhadores também pedem uma redução das jornadas de 38 para 35 horas semanais, sem alteração nos salários. A Deutsche Bahn, porém, considera a reivindicação inviável. O sindicato sinalizou que aceitaria abrir mão da exigência.
Uma nova rodada de negociações deveria ocorrer nesta quinta e sexta-feira, mas a Deutsche Bahn se retirou do debate após o início da greve. "Ou se faz greve ou se negocia. Não se pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo", afirmou o diretor de recursos humanos da empresa, Martin Seiler.
"Qualquer um que romper esse acordo nesse formato e convocar greves com pouca antecedência [...] não deve esperar que nós continuemos sentados à mesa de negociações", acrescentou.
Por outro lado, o chefe do GDL, Claus Weselsky, disse que uma greve relâmpago durante as negociações não é algo incomum. "É um processo completamente normal de reivindicação coletiva quando os funcionários percebem que o outro lado precisa de uma lição."
Weselsky comemorou a grande adesão à paralisação. "Temos também despachantes em greve, temos toda a equipe em greve. Estamos completamente satisfeitos com o nível de participação."
Ele, no entanto, disse que ainda não está claro quando os dois lados voltarão à mesa de negociações. "Só posso dizer que concordamos em negociar", afirmou.
Greve "irresponsável", diz Deutsche Bahn
A próxima rodada de negociações está marcada para o final da próxima semana, mas não está claro se irá de fato ocorrer.
"A greve de hoje [quinta-feira] é irresponsável, coloca um peso sobre nossos passageiros. Precisamos encontrar uma solução na mesa de negociações, não através de paralisações", criticou um porta-voz da Deutsche Bahn.
Os acordos coletivos negociados pelo GDL se aplicam a 10 mil funcionários da Deutsche Bahn. O sindicato é o menor das duas entidades representativas que cuidam dos interesses dos funcionários da empresa.
O Sindicado dos Ferroviários (EVG) já negociou acordos coletivos para cerca de 180 mil funcionários no início do ano, quando o país também enfrentou uma série de greves no transporte.
rc/le (DPA, AFP)