'Modelo Bauhaus'
22 de julho de 2009Noventa anos após a fundação da Bauhaus, a escola alemã de arquitetura e design que marcou o século 20, suas três "herdeiras" – o Arquivo Bauhaus de Berlim, a Fundação Bauhaus de Dessau e a Fundação Weimar Clássica – juntaram-se para organizar a maior exposição sobre a escola desde a realizada em Stuttgart em 1968.
Modelo Bauhaus é o nome da mostra que reúne, a partir desta quarta-feira (22/07) no espaço Martin Gropius Bau em Berlim, mais de mil objetos das coleções das três instituições localizadas nas cidades que sediaram a Bauhaus, como também peças emprestadas de todas as partes do mundo.
A exposição documenta também a cooperação entre as três instituições que até hoje trabalharam de forma pouco conjunta. Segundo o desejo do ministro alemão da Cultura, Bernd Neumann, elas agora passarão a cooperar mais estreitamente, formando a "Liga Bauhaus".
A mostra, que pode ser visitada até 4 de outubro próximo, está sendo realizada em cooperação com o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), onde a atual exposição berlinense da Bauhaus poderá ser vista a partir de novembro, em comemoração a seu 80º aniversário.
Das artes e ofícios à arquitetura nazista
Plantas de arquitetura, maquetes, pinturas e objetos do cotidiano retratam a Bauhaus em 18 salas como uma usina de criação e uma "oficina do modernismo" – dos primórdios em Weimar a partir de 1919, passando por Dessau como "cidade da Bauhaus" (1925-1930) até seu fechamento pelos nazistas em 1933, após sua transferência para Berlim por Mies van der Rohe, seu último diretor.
Enquanto exposições anteriores eram estruturadas com base nas diversas oficinas da Bauhaus, como mobiliário, impressão ou tecelagem, na mostra em Berlim sua história é narrada cronologicamente – desde o início como escola de artes e ofícios, atravessando a época dos famosos prédios de sua sede em Dessau até ser fechada pelo nacional-socialismo. A ligação de importantes nomes da Bauhaus com a arquitetura nazista também não foi poupada.
Internacionalização do modernismo
Numa abrangente apresentação dos trabalhos de seus professores e alunos, como também dos principais temas tratados pela Bauhaus, a exposição Modelo Bauhaus relata a história da escola, enfocando sua grande importância para a internacionalização do modernismo e tematizando sua subsequente influência na arquitetura e no design industrial, que até hoje perdura.
Seus principais objetivos, afirmam os curadores da mostra, eram o ensino experimental interdisciplinar, o conceito de oficinas orientadas para a prática, o tratamento de questões sociais, a propagação de uma estética atemporal, assim como a experimentação de novos processos e materiais na arquitetura e no design industrial.
Estações da Bauhaus
A mostra amplia a visão sobre os primeiros anos, quando a escola foi influenciada pelo expressionismo. A partir de meados dos anos de 1920, a Bauhaus passou a ocupar-se das formas e cores primárias, que deveriam ser usadas por designers e arquitetos como um jogo de encaixar.
Após sua expulsão de Weimar, a proximidade da indústria determinou as atividades da Bauhaus em Dessau. Apoiada por industriais e pelos social-democratas, a escola deveria se tornar um polo de desenvolvimento da República de Weimar. Mas a desejada cooperação não funcionou e muitos professores a abandonaram.
Em sua última fase, a partir de 1930 em Berlim, o trabalho de Mies van der Rohe principalmente com aço e vidro determinou os rumos da Bauhaus, o que é documentado pela última e mais impressionante sala da mostra.
Mas o que restou da Bauhaus hoje? No pátio interno do Martin Gropius Bau, a artista Christine Hill explora a trivialidade do legado da Bauhaus. Ao lado de um sofá da Ikea, cadeia sueca de móveis de baixo custo, o visitante recebe um aconselhamento real sobre a decoração de seu domicílio, podendo comprar na loja réplicas de objetos da Bauhaus.
CA/dpa/ots
Revisão: Rodrigo Rimon