Governo escolhe geofísico espacial para comandar o Inpe
2 de outubro de 2020O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, escolheu o geofísico espacial Clézio Marcos de Nardin para comandar o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A nomeação do novo diretor geral foi publicada nesta sexta-feira (02/10) no Diário Oficial da União.
Nardin substituirá Darcton Policarpo Damião, que ocupava o cargo interinamente desde agosto do ano passado, quando o então diretor do Inpe Ricardo Galvão foi exonerado depois de rebater críticas do presidente Jair Bolsonaro sobre a veracidade de dados que mostravam o aumento do desmatamento na Amazônia.
Formado em engenharia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e doutor em Geofísica Espacial pelo próprio Inpe, Nardin atua no instituto desde 1997. Ele foi escolhido de acordo com os ritos tradicionais, que preveem uma lista tríplice formulada por um comitê especial que faz a seleção dos candidatos. Essa lista, porém, não foi divulgada pelo governo. O geofísico deve comandar o Inpe pelos próximos quatro anos.
Nardin assume o cargo num momento em que o instituto voltou a ser alvo de críticas por parte do governo devido aos dados divulgados sobre os incêndios na Amazônia e Pantanal. Recentemente, o vice-presidente, Hamilton Mourão, disse, sem provas, que "alguém" de dentro do Inpe estaria divulgando os dados para fazer "oposição" ao governo. Os dados, no entanto, são públicos.
A indicação de Nardin foi bem recebida pela comunidade científica. "Clezio é um cientista qualificado, formado e treinado no próprio Inpe, onde se doutorou em Geofísica Espacial e atualmente é Coordenador-Geral de Ciências Espaciais e Atmosféricas do Inpe", disse o Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT).
O ex-diretor do Inpe Ricardo Galvão elogiou a escolha. "Clézio é cientista de carreira no Inpe, extremamente respeitado e com muita experiência de gestão administrativa. É uma pessoa que vai ter diálogo fácil com governo mas não vai ficar calado se o Inpe for atacado", afirmou ao G1.
CN/ots