Ameaça terrorista
4 de outubro de 2010Devido a uma suposta ameaça de atentados terroristas no Velho Continente, os Estados Unidos emitiram neste domingo (03/10) alerta de viagem para os cidadãos norte-americanos que planejam ir à Europa. O Departamento de Estado advertiu que o transporte público e pontos turísticos poderiam estar na mira da Al Qaeda e de outros grupos terroristas.
Os alertas norte-americanos não especificam países, mas o governo em Washington recomendou a seus cidadãos que informassem as autoridades dos EUA sobre seus planos de viagem. Trata-se de um alerta (travel alert) e não de uma advertência de viagem (travel warning). Neste caso, as viagens seriam completamente desaconselhadas.
As autoridades do Reino Unido acirraram, por sua vez, o alerta aos cidadãos britânicos de viagem à França e à Alemanha, elevando de "geral" para "alto" o nível da ameaça terrorista. E, nesta segunda-feira, o Japão também emitiu alerta de viagem para seus cidadãos na Europa.
O Ministério do Exterior em Tóquio recomendou aos japoneses de viagem pela Europa que se mantivessem atentos ao visitarem atrações turísticas ou usarem meios de transporte.
Alerta de viagem
Com a emissão do alerta de viagem, o Departamento de Estado norte-americano reagiu a advertências feitas por serviços de inteligência ocidentais na semana passada. Após interrogatório, um militante islâmico teuto-afegão, preso por tropas norte-americanas no Afeganistão, teria informado que comandos terroristas fortemente armados estariam planejando ataques em diversas cidades da Alemanha, da França e do Reino Unido.
"Informações atuais indicam que a Al Qaeda e outras organizações continuam a planejar ataques terroristas", informou o Departamento de Estado no domingo. Sem dar mais informações, o site do órgão informou ainda que governos europeus já teriam encaminhado as providências necessárias.
Segundo o jornal alemão Süddeutsche Zeitung, um diplomata alemão conseguiu falar com o homem preso no Afeganistão. O Ministério alemão do Exterior confirmou a informação, mas não deu mais detalhes sobre o caso.
Reação alemã
O governo alemão reagiu com prudência à posição do governo dos EUA, como também a uma reportagem da emissora de TV norte-americana Fox sobre possíveis atentados a lugares proeminentes de cidades europeias. Aludindo a fontes de serviços secretos ocidentais, a emissora afirmou que, em Berlim, a estação ferroviária central, a torre de televisão e o Hotel Adlon estariam entre os possíveis alvos.
Em Paris, os terroristas estariam de olho na Torre Eiffel e na Catedral de Notre Dame, disse a Fox. A reportagem afirmou ainda que a segurança da família real britânica já teria sido reforçada e que, com diversos ataques simultâneos na Europa, a Al Qaeda pretenderia superar em muito os ataques de Mumbai, em 2008.
Nesta segunda-feira, um porta-voz do Ministério alemão do Interior afirmou em Berlim que o alerta de viagem emitido pelo governo norte-americano e a reação da mídia norte-americana não mudariam em nada a avaliação da situação de ameaça na Alemanha. Segundo o porta-voz, o alerta do governo norte-americano emitido no domingo deveria ser observado "sob o pano de fundo de informações sobre ameaças de perigo já reveladas pela mídia na semana passada".
Ele afirmou ainda que não existiria nenhum indício concreto sobre atentados iminentes e que, no momento, não haveria motivo para uma mudança do grau de alerta na Alemanha. No entanto, as medidas de segurança já tomadas há muito tempo estariam sendo constantemente reavaliadas, acresceu o porta-voz.
O ministro do Interior, Thomas de Maizière, também disse que não há indícios concretos de ataques iminentes planejados por terroristas islâmicos contra a Alemanha. Segundo ele, os possíveis alvos já são conhecidos há pelo menos um ano. "Não há no momento razão para ser alarmista."
Berlim, Londres e Paris
Na edição desta segunda-feira do diário Kölner Stadtanzeiger, O presidente da Comissão de Interior do Parlamento Alemão, Wolfgang Bosbach, afirmou não ver nenhum motivo para pânico. "Esta é a reação norte-americana às informações que já há muito tempo temos na Europa", disse o político. Nos últimos tempos, autoridades de segurança registraram crescente movimentação de viagem de radicais islâmicos do Afeganistão e do Paquistão em direção ao continente europeu.
Diferentemente do político alemão, a ministra do Interior britânica, Theresa May, apoiou as advertências de Washington. Segundo a ministra, autoridades norte-americanas e britânicas teriam semelhante ponto de vista sobre ameaças terroristas e o Reino Unido estaria sofrendo ameaças "reais e sérias".
Da mesma forma, o ministro da Defesa francês, Hervé Morin, disse que as advertências deveriam ser levadas a sério. "O perigo de terrorismo existe e pode nos atingir a qualquer momento", disse Morin à edição de domingo do diário francês Le Parisien. Nas últimas semanas, o governo em Paris já havia aumentado as medidas de segurança no país.
CA/dpa/rtr/dw
Revisão: Alexandre Schossler