Governo alemão parabeniza Lula e espera cooperação
31 de outubro de 2022O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, parabenizou nesta segunda-feira (31/10) o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pela vitória na eleição presidencial brasileira.
Em mensagem publicada em português e alemão, o social-democrata Scholz afirmou aguardar com expectativa uma cooperação estreita e confiável com o Brasil, especialmente em relação à proteção climática e ao comércio bilateral.
Em novembro do ano passado, quando esteve em Berlim, Lula se encontrou com Scholz, que havia vencido a eleição alemã e costurava a nova coalizão de governo. O Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler alemão, e o PT mantêm laços há décadas, e o petista manteve relações amistosas com figuras históricas da legenda alemã, como Gerhard Schröder, Johannes Rau e Helmut Schmidt.
Já a ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou que a eleição no Brasil teve um vitorioso, mas muitos vencedores, e o maior de todos é a democracia brasileira. "As eleições, que foram muito disputadas, foram transparentes e justas. Especialmente nestes tempos, isso é muito importante para nossa confiança na democracia e no Estado de Direito", disse a ministra durante uma visita a Astana, no Cazaquistão.
Baerbock, que é do Partido Verde, destacou ainda que um outro grande vencedor foi o clima. "Precisamos proteger as últimas florestas para que todos nós e nossas crianças possamos viver em segurança no futuro", declarou. Segundo a ministra, o resultado da eleição cria a esperança de que o desmatamento desenfreado da Amazônia chegue ao fim e que "o Brasil volte a ser um promotor na nossa luta conjunta contra a crise climática".
O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, também parabenizou Lula pela vitória na eleição presidencial brasileira e sinalizou que gostaria de se encontrar em breve com o brasileiro.
"Novo capítulo na cooperação bilateral"
Thomas Silberhorn, do partido conservador CSU e presidente do grupo parlamentar Brasil-Alemanha no Bundestag, falou num "novo capítulo na cooperação bilateral", apontando que Lula já anunciou políticas de proteção climática, que seriam pré-condição para um estreitamento das relações.
"Lula pode abrir novas formas de diálogo e cooperação e um foco mais forte do Brasil em códigos climáticos, instituições e cooperação internacionais. Mas temos que mudar nossa abordagem também do ponto de vista alemão e europeu. Queremos reduzir nossas dependências da Rússia e da China, por exemplo, e o Brasil em particular é um parceiro importante quando se trata de segurança alimentar mundial, quando se trata de segurança energética", afirmou o parlamentar.
O vice-presidente do grupo parlamentar Brasil-Alemanha, Alexander Ulrich, do partido A Esquerda, também aposta numa aproximação entre os dois países sob Lula. "Durante os últimos quatro anos, constatamos que quase não houve diálogos, contatos ou cooperação, e o governo federal alemão precisa usar a chance de melhorar significativamente [esse cenário] com Lula", afirmou.
"Há muitos temas que vão da proteção do clima até a situação geopolítica, passando pela relação com a Rússia. Há muitos pontos nos quais o Brasil desempenha um papel-chave na América Latina", apontou Ulrich.
O parlamentar Max Lucks, membro do Partido Verde e do Comitê de Relações Exteriores do Bundestag, afirmou que, ao eleger Lula, o Brasil decidiu retornar ao mundo democrático. "Com isso, o Brasil voltou a ser um parceiro estreito nosso. Na minha visão, o objetivo agora é a Alemanha dar a mão ao Brasil, e isso vale principalmente para as mudanças climáticas, e acho que é preciso que a Alemanha volte a integrar o Fundo Amazônia."
"Sabemos que o desmatamento da Amazônia, a floresta tropical tão importante, avançou como nunca sob Bolsonaro. Lula, o novo presidente do Brasil, anunciou que vai parar isso e também anunciou que vai voltar a implementar acordos internacionais como o Acordo de Paris. Isso é muito importante para o combate ao aquecimento global em todo o mundo", afirmou.
Lucks também destacou que o resultado da eleição brasileiro é "legítimo, apesar das massivas intimidações, apesar do ódio, apesar das fake news". "Do presidente francês ao primeiro-ministro canadense e muitos políticos latino-americanos, chegando à ministra alemã do Exterior, todos eles deixaram claro que não foi só um homem no Brasil que venceu, mas que a democracia no mundo todo venceu, e que a comunidade internacional só vai reconhecer Lula como o presidente legítimo do Brasil."
cn/lf (AFP, ots)