Baviera culpa política migratória por "desastre" eleitoral
6 de setembro de 2016O governador da Baviera, Horst Seehofer, afirmou nesta terça-feira (06/09) que o resultado "desastroso" da eleição em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental se deve à política para refugiados da chanceler federal Angela Merkel.
No domingo, o partido de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), ficou em terceiro lugar na eleição do estado do nordeste alemão, com 19%, atrás do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que alcançou 20,8% dos votos. Seehofer é filiado à União Social Cristã (CSU), partido-irmão da CDU que existe apenas na Baviera.
Em entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung, Seehofer afirmou que suas "reiteradas exigências de correção de curso" nessa política foram ignoradas. Para ele, a situação é "altamente ameaçadora para a União [expressão usada para designar CDU e CSU]" e "as pessoas não querem essa política de Berlim".
"As pessoas simplesmente não entendem mais como se faz política na Alemanha. Elas se sentem deixadas de lado. Precisamos de uma clara orientação programática", afirmou Seehofer. "O país está dividido como raramente se viu, e a confiança está caindo rapidamente", declarou.
As críticas do principal líder da CSU se unem às feitas por outras lideranças do partido, que responsabilizam a política para refugiados do governo federal pelo mau resultado da CDU na eleição estadual, elevando a tensão entre os dois partidos aliados.
Segundo o secretário-geral da CSU, Andreas Scheuer, Seehofer pretende apresentar uma lista de demandas sobre a política de refugiados num encontro de líderes da CDU, da CSU e do Partido Social-Democrata (SDP) no próximo domingo. "Precisamos chegar a um acordo sobre um limite máximo para reduzir a imigração o mais rapidamente possível", disse Scheuer ao jornal Passauer Neue Presse.
"Catástrofe"
No domingo, a CDU teve o pior resultado do partido em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, estado que é a base eleitoral de Merkel. Com 19% dos votos, o partido de Merkel foi ultrapassado pelo partido populista de direita AfD, que obteve 20,8%. O primeiro lugar ficou com o SDP, com 30,6%, que perdeu, porém, cinco pontos percentuais em relação à eleição anterior.
Em entrevista durante a cúpula do G20 nesta segunda, a chanceler assumiu sua parcela de responsabilidade pelo mau desempenho da coalizão, mas ressalvou que as decisões tomadas em relação à crise migratória foram corretas.
A copresidente da AfD Frauke Petry disse que o sucesso da legenda na eleição regional deve-se aos erros do governo da chanceler. "Merkel está derrubando a si mesma", afirmou.
Políticos conservadores da CDU e CSU classificaram o resultado das urnas como "catástrofe" e "derrota amarga" e pediram mudanças na política para refugiados de Berlim.
KG/dpa/afp/rtr/ots