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G7 fecha acordo de US$ 50 bilhões de apoio à Ucrânia

13 de junho de 2024

Plano para empréstimo prevê uso de juros de ativos russos congelados pelos aliados ocidentais após a invasão russa. Lula se reúne com papa Francisco durante cúpula na Itália.

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Chefes de governo do G7 e líderes da UE em "foto de família" durante cúpula na Itália
Cúpula G7 está sendo realizada em Borgo Egnazia, um resort de luxo no sul da Itália. Ao centro, anfitriã Giorgia MeloniFoto: Guglielmo Mangiapane/REUTERS

Os líderes das sete democracias mais ricas do mundo chegaram nesta quinta-feira (13/06) a um "acordo político" na Itália para conceder um empréstimo de 50 bilhões de dólares à Ucrânia, financiado por ativos russos bloqueados pelo Ocidente.

Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, assim como os primeiros-ministros do Canadá (Justin Trudeau), do Reino Unido (Rishi Sunak), do Japão (Fumio Kishida) e o chanceler federal da Alemanha (Olaf Scholz) foram recebidos para a cúpula anual do G7 pela anfitriã do encontro, a premiê italiana,Giorgia Meloni, em Borgo Egnazia, um resort de luxo no sul da Itália

O plano para a Ucrânia prevê usar os juros e rendimentos de cerca de 260 bilhões de dólares de ativos russos congelados pelos aliados ocidentais, em grande parte mantidos na Europa, como garantia para um empréstimo de 50 bilhões de dólares dos EUA e empréstimos adicionais de outros parceiros.

A Ucrânia receberá os primeiros pagamentos em algum momento de 2024, mas precisará de tempo para usar todo o dinheiro, disse uma autoridade à agência de notícias AP, sob condição de anonimato. E Kiev poderá gastar o dinheiro em diversas áreas, incluindo necessidades militares, econômicas, humanitárias e de reconstrução.

O plano é complexo, e ainda há dúvidas sobre o que aconteceria se os ativos russos fossem liberados no caso de um acordo hipotético com a Rússia, ou quem assumiria o risco se houver calote.

Zelenski: acordos com Japão e EUA

O apoio à Ucrânia, devastada pela guerra desde a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, está no topo da agenda, juntamente com a guerra em Gaza.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, chegou à Itália nesta quinta-feira para reuniões com os líderes do bloco, em sua segunda participação seguida no evento.

Ele mencionou que havia assinado um acordo de segurança de 10 anos com o Japão nos bastidores da cúpula e que Tóquio forneceria agora 4,5 bilhões de dólares à Ucrânia. Zelenski também tem agendada a assinatura de um novo acordo de segurança de longo prazo com Joe Biden.

Os líderes do G7 anunciaram seu apoio a uma proposta de trégua entre Israel e os palestinos, feita por Biden, que prevê a libertação dos reféns feitos pelo Hamas em Israel no ataque de 7 de outubro de 2023.

"Diálogo com Sul Global"

Giorgia Meloni, cujo país ocupa a presidência rotativa do G7 disse na abertura da cúpula, na região da Apúlia, que o grupo internacional tem "um papel insubstituível na gestão de crises globais, particularmente as que continuam a colocar em risco nossa liberdade e democracia".

"Os objetivos da presidência italiana são, por um lado, valorizar o que nos une, reforçar nossa colaboração, e, por outro lado, saber dialogar com todos. O G7 não é uma fortaleza que talvez tenha que se defender de alguém”, disse a populista de direita aos colegas, sentados à volta de uma mesa de madeira no interior do resort.

Ela defendeu a abertura do grupo ao mundo, porque o objetivo seria alcançar o "desenvolvimento compartilhado”. "A mensagem que queremos dar é a de um G7 que quer reforçar o diálogo com as nações do Sul Global.”

Meloni também convidou para a cúpula uma dúzia de líderes de fora do grupo, incluindo os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Javier Milei.A agenda de Milei inclui reuniões bilaterais na sexta-feira com Meloni e o presidente francês, assim como com a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva e  com o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga.

Sessões temáticas e várias reuniões bilaterais também abordarão outras questões, a começar pelas tensões com a China, um dos principais apoiadores da Rússia. Os Estados Unidos e a Europa acusam Pequim de inundar os mercados com produtos subsidiados de baixo preço, especialmente carros elétricos.

A lista de convidados inclui ainda o recém-reeleito primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o rei Abdullah 2° da Jordânia e o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Papa Francisco se reúne com Lula

Mas talvez um dos mais esperados seja o papa Francisco, que estará no encontro não apenas como líder espiritual, mas também para dar uma palestra na sexta-feira sobre inteligência artificial e "algorética" (a ética dos algoritmos), uma questão que preocupa o Vaticano.

O pontífice de 87 anos terá um encontro privado com Lula, que será o único presidente latino-americano a se reunir com Francisco, já que o outro líder da região presente no G7, Milei, não aparece na lista de encontros bilaterais anunciada pelo Vaticano.

Francisco se reunirá com três líderes do grupo das sete democracias mais ricas do mundo: Biden, Macron; e Trudeau, assim como com Volodimir Zelenski, um dos principais protagonistas da cúpula.

Modi e Erdogan também se encontrarão com o papa; assim como os líderes do Quênia, William Samoei Ruto, e da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, e a diretora do FMI, Kristalina Georgieva.

O resort exclusivo Borgo Egnazia, fica 60 quilômetros ao sul de Bari, a capital regional, completamente isolado do mundo exterior e também dos jornalistas. O complexo hoteleiro, que imita a arquitetura italiana como um parque temático, é o favorito de Madonna em suas viagens à Itália e ostenta, entre outras comodidades, um restaurante com uma estrela Michelin.

md/av (EFE, AFP, AP, Reuters)