Críticas à União Européia
21 de janeiro de 2007Participantes do 7º Fórum Social Mundial, que começou neste fim de semana em Nairóbi (capital do Quênia), criticaram a política comercial da União Européia em relação aos chamados Estados ACP (da África, do Caribe e do Pacífico).
Uma das prioridades da presidência alemã da UE é fechar acordos de parceria econômica com os países dessas regiões. "Se a Comissão Européia conseguir impor sua estratégia nas negociações, isso terá conseqüências catastróficas para o desenvolvimento econômico e social dos países africanos, caribenhos e da região do Pacífico", advertiu a deputada Heike Hänsel, que representa o Partido de Esquerda da Alemanha no encontro.
Segundo Hänsel, muitos ativistas africanos se opõem à liberalização proposta pela UE por temer que os produtores nacionais serão enxotados de seus mercados por uma avalanche de importações da Europa. "Isso pode agravar a situação de pobreza nos países em desenvolvimento", disse.
Segundo um estudo do Greenpeace, um risco semelhante parte da proposta da Organização Mundial do Comércio (OMC) de reduzir as barreiras alfandegárias para a importação de peixes e frutos do mar. "Isso seria um desastre para as reservas de peixes e para a segurança alimentar nos países em desenvolvimento", advertiu a organização ambientalista em Nairóbi.
Protesto contra o G-8
A ONG Attac Deutschland pretende aproveitar o encontro dos adversários da globalização no Quênia para preparar um protesto. "O Fórum Social Mundial é uma etapa importante da mobilização internacional da sociedade civil contra a cúpula do G-8 em nosso país. A Attac vai aproveitar esta chance", disse um dos coordenadores do movimento, Peter Wahl.
A próxima cúpula do G-8 acontece de 6 a 8 de junho, em Heiligendamm, na costa do Mar Báltico. O balneário alemão já está sendo transformado numa fortaleza, com uma cerca de 2,5 metros de altura e 12 km de comprimento, para impedir ataques da extrema esquerda e de adversários da globalização. A polícia já registrou 13 ataques contra a realização do encontro na região.
Brasil mostra políticas sociais
A sétima edição do Fórum Mundial Social, com cerca de 80 mil participantes, começou com uma marcha de cinco mil pessoas a uma favela de Nairóbi e prossegue até a próxima quinta-feira (25/01). O Brasil participa com 30 representantes de 11 ministérios e mais cerca de 400 integrantes da sociedade civil.
Segundo o ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência da República, que chefia a delegação brasileira, "mostraremos os resultados das experiências de participação dos movimentos sociais na elaboração de políticas públicas e vamos também conhecer as do outros países".
Contraponto a Davos
Sob o lema "A luta dos povos, as alternativas dos povos", o encontro em Nairóbi pretende discutir questões como comércio justo, o combate à pobreza e a proteção ao meio ambiente. O Fórum Mundial Social se propõe a ser um contraponto ao Fórum Econômico Mundial, que começa na próxima quarta-feira (24/01), em Davos, na Suíça.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, pretende abordar em Davos as metas da presidência alemã da UE, o papel das relações européias com a África e os desafios da mudança climática.