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Futebol brasileiro no cinema

Soraia Vilela18 de junho de 2006

Mostra traz ao público alemão filmes brasileiros que giram em torno do "esporte da nação". Em longas e curtas, ficção e documentário, estão presentes desde os grandes ídolos até os torcedores anônimos das ruas do país.

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'Ginga': o sonho do futebol nas telasFoto: presse

Os organizadores do festival Futebol na Lata apostam na vontade do espectador berlinense de saber mais sobre a diversidade cultural brasileira nos intervalos entre uma partida e outra da Copa do Mundo. A idéia é mostrar ao público europeu um pouco do "espírito do país" e a relação de paixão, sofrimento e alegria dos torcedores com o esporte.

Seja através do ensaio visual de Thomaz Farkas em Todo mundo – "um filme belíssimo, de arrrepiar, que mostra como o futebol é cultuado pelas torcidas", garante a curadora Camilla Ribas – ou da agilidade de Ginga, dirigido pelo alemão Hank Levine e pelos brasileiros Marcelo Machado e Tocha Alves.

Ginga: responsável por acertos

Fernando Meirelles, Regisseur des Films City of God
Fernando MeirellesFoto: AP

Produzido por Fernando Meirelles (Cidade de Deus, O jardineiro fiel), o documentário busca em diversas regiões do país jogadores (e jogadoras!) para delinear a importância cultural e social do futebol. "A ginga, no sentido de criatividade, é responsável por grandes acertos no país, como a idéia de produzir biocombustível, por exemplo", diz Fernando Meirelles em entrevista à DW-WORLD.

Embora revele traços da miséria e pobreza no país, com personagens em sua maioria de classe baixa, a violência é um aspecto praticamente ausente no documentário. A imagem que o espectador leva para casa é a de um Brasil "feliz", mesmo depois de observar a biografia de um limpador de carros, cujos sonhos de se tornar um grande jogador de futebol acabam empalidecendo na realidade de seu dia-a-dia.

Brasil feliz

"Creio que o Brasil seja mesmo um país feliz", diz Meirelles, lembrando que o número de jovens ligados ao tráfico no Rio de Janeiro é de 15 mil, numa cidade com 13 milhões de habitantes, dos quais um milhão vive em favelas.

"A violência é enorme, mas é exceção. A Europa prefere ver apenas nossa pobreza ou violência por ser diferente, mas o fato é que somos a décima primeira economia mundial. Os bolsões de pobreza, altamente condenáveis, não são a regra no Brasil. Cidade de Deus fala justamente deste lado sombrio do país, mas isso não significa que represente o Brasil como um todo. Ginga capta o espírito do país", acredita Meirelles.

"Os brasileiros mais pobres são muitas vezes os mais generosos, alegres e dispostos a buscar caminhos. Temos que superar o estereótipo de país pobre e violento. O Brasil tem muito mais a mostrar do que apenas favelas e traficantes", observa o diretor Marcelo Machado à DW-WORLD.

Tema presente em várias épocas

"Ginga". Regie: Marcelo Machado, Hank Levine, Tocha Alves. Szenenfoto
Ginga brasileira nas telas de BerlimFoto: presse

A seleção dos filmes incluídos na mostra Futebol na Lata, conta Ribas, foi feita após um trabalho de pesquisa e avaliação de quase uma centena de produções, com a busca de filmes na chanchada, no cinema industrial paulista dos anos 50, no Cinema Novo, nas comédias eróticas dos anos 80 e até no do Cinema da Retomada dos 90.

Entre os achados históricos está o documentário Copa Roca, dirigido por Humberto Mauro em 1939. Já outros filmes não puderam ser trazidos a Berlim, devido à má qualidade das cópias disponíveis.

Um deles é O campeão de futebol, que tem o craque Arthur Friedenreich no elenco, filho de um alemão com uma brasileira. "Muitos filmes no Brasil se encontram deteriorados ou sem condições de exibição pública, devido às péssimas condições de armazenamento e conservação", aponta Ribas.

A mostra Futebol na Lata acontece no cinema Babylon-Mitte, em Berlim, até o próximo 3 de julho.

Clique no link abaixo "O Brasil tem muito mais do que favelas e traficantes" para ler a íntegra da entrevista com Marcelo Machado e Fernando Meirelles sobre o documentário Ginga.