França rejeita pedido de asilo de Assange
3 de julho de 2015A França rejeitou nesta sexta-feira (03/07) o pedido de asilo feito pelo fundador do site WikiLeaks, Julian Assange. Ele havia feito um apelo direto ao presidente François Hollande, dias após o WikiLeaks publicar documentos que denunciaram a espionagem de líderes franceses por parte dos Estados Unidos, incluindo o próprio Hollande.
"Minha vida corre perigo", afirmou Assange numa carta ao presidente, publicada pelo jornal Le Monde. "A França é o único país que pode me oferecer a proteção necessária contra [...] as perseguições políticas que enfrento", escreveu.
O australiano de 44 anos descreve a si mesmo como um "jornalista perseguido e ameaçado de morte pelas autoridades dos Estados Unidos em razão das minhas atividades profissionais". Ele está refugiado há três anos na embaixada do Equador em Londres, com o objetivo de evitar a extradição para a Suécia, onde foi acusado de crimes sexuais.
Ele teme que, uma vez sob custódia das autoridades suecas, ele seja extraditado para os Estados Unidos, onde seria processado judicialmente pela publicação de diversos documentos confidenciais.
Em sua carta, Assange conta que manteve em segredo a existência do filho mais novo, assim como da mãe da criança, ambos de nacionalidade francesa, com o objetivo de protegê-los. "Não os vejo há cinco anos, desde que a perseguição política contra mim foi iniciada."
Menos de uma hora após a publicação da carta de Assange no site do Le Monde, o gabinete de Hollande divulgou uma declaração afirmando que o pedido de asilo havia sido rejeitado.
"A França recebeu a carta de Assange. Uma análise aprofundada revela que, dados os elementos legais e materiais da situação dele, a França não pode aceitar o pedido", afirmou o gabinete da presidência. "A situação de Assange não apresenta perigo imediato. Ele também é alvo de um mandado de prisão europeu."
A publicação pelo WikiLeaks de documentos militares e diplomáticos confidenciais há cinco anos enfureceu as autoridades americanas. Críticos alegam que a segurança dos EUA foi prejudicada e que vidas foram colocadas em risco. Os defensores do WikiLeaks afirmam que o site expôs segredos de Estado que o público tinha o direto de saber.
RC/rtr/afp