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Flick é demitido após vexame da seleção alemã contra o Japão

10 de setembro de 2023

Demissão ocorre a meses da Eurocopa, a ser sediada na Alemanha, e após segundo fiasco seguido frente aos japoneses, diante da própria torcida e por um humilhante 4 a 1. Foi a terceira derrota em série da equipe.

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Hansi Flick
Humilhação diante da torcida: novas ideias de Flick não surtiram efeito contra o JapãoFoto: Nico Herbertz/IMAGO

Nove meses antes da Eurocopa a ser sediada na Alemanha, o treinador Hansi Flick, 58 nos, foi demitido como técnico da seleção alemã masculina de futebol. A Federação Alemã de Futebol (DFB) fez o anúncio neste domingo (10/09), um dia após a derrota por 4 a 1 contra o Japão, em Wolfsburg.

"Os grêmios concordaram que a seleção principal alemã precisa de um novo impulso depois dos recentes resultados decepcionantes", disse o presidente da DFB, Bernd Neuendorf. Ele descreveu a demissão de Flick como "inevitável".

Para o amistoso desta terça-feira contra a França, a equipe será treinada por  Rudi Völler, com apoio de Hannes Wolf, técnico da seleção sub-20. "Cuidarei temporariamente da seleção, ao lado de Hannes Wolf.  A tarefa mais urgente será contratar um técnico que realinhe a equipe e nos prepare para a Euro 2024", disse Völler, que também é diretor esportivo da DFB.

Nove meses antes da Eurocopa de 2024 na Alemanha, a DFB tem de procurar um novo treinador em meio a uma das crises esportivas mais profundas da sua história.

No final de 2022, a seleção alemã fracassou nas eliminatórias da Copa do Mundo, abandonando o torneio ainda na fase de grupos.

Auxiliar de Löw e sucesso no Bayern

Flick foi auxiliar de Joachim Löw na seleção alemã entre 2006 e 2014. Ele deixou a seleção após o título na Copa do Brasil, para se dedicar ao cargo de treinador.

Entre 2019 e 2021, fez carreira de sucesso no Bayern de Munique, conquistando sete títulos com a equipe bávara em 18 meses – inclusive a Champions League de 2020. Assim, foi o escolhido para comandar a seleção da Alemanha no lugar de Löw, que saiu após a derrota na Eurocopa.

Hansi Flick e Joachim Löw
Flick ao lado de Löw na Copa de 2010Foto: picture-alliance/dpa

Flick assumiu a liderança da seleção alemã em setembro de 2021, com contrato até 2024. Começou com o pé direito, com oito vitórias seguidas. Mas depois de um empate com a Holanda, conseguiu apenas três vitórias em 11 jogos, contra Itália (Liga das Nações), Costa Rica (Copa) e Peru (amistoso). Ele sai após 23 jogos: 11 vitórias, 7 empates e 5 derrotas.

Vexame em Wolfsburg

Em Wolfsburg, na partida contra o Japão, em vez da tão esperada "arrancada rumo à Eurocopa", o que veio foi outro colapso. Pela primeira vez em 38 anos, a equipe alemã perdia três jogos consecutivos.

Foi a derrota em casa mais pesada desde 2001, quando os alemães perderam por 5 a 1 para a Inglaterra. "Atualmente não temos meios para superar uma defesa tão compacta. Simplesmente não foi suficiente", admitiu Flick depois do jogo, em entrevista à emissora RTL.

Na verdade, a esperança era de que tudo mudasse para melhor sob a liderança de Flick. Mesmo antes do amistoso contra os japoneses, ele anunciara que pretendia introduzir uma nova "filosofia de sistema", baseada no aprendizado a partir dos erros dos jogos passados. Agora viria finalmente a tão desejada reviravolta.

"Queremos ver a equipe ativa, manter a intensidade elevada e, finalmente, recuperar confiança", disse o técnico. Ele se mostrou confiante e de bom humor nos dias que antecederam a partida contra o Japão. Pouco antes do início do duelo, tirou fotos e atendeu a um ou outro pedido de selfie dos torcedores.

Naquela que foi a última tentativa de Flick de reanimar a seleção alemã, ele contou com um novo capitão. Ilkay Gündogan comandou a equipe e ditou o ritmo no meio-campo. Além disso, Joshua Kimmich foi deslocado para a posição de lateral direito, o que o técnico não queria de forma alguma que fosse entendido como um "rebaixamento”. Kimmich já havia atuado nesta posição no Bayern sob o comando de Flick.

Ilkay Gündogan e Antonio Rüdiger
"Estado de choque": capitão Gündogan e zagueiro Rüdiger no jogo contra o Japão em WolfsburgFoto: Bahho Kara/Eibner/IMAGO

Fraquezas no lado esquerdo da defesa

Com o Japão, a seleção do técnico Flick enfrentou o time que foi um obstáculo para a seleção alemã na Copa do Mundo do Catar – quando os japoneses venceram por 2 a 1, o que contribuiu para a eliminação dos tetracampeões ainda na fase de grupos do torneio.  Os asiáticos jogaram de forma agressiva e intensa, colocaram repetidamente problemas para a equipe alemã. Os dois gols do primeiro tempo vieram do lado esquerdo, que Nico Schlotterbeck deveria defender.

Por outro lado, Kimmich cumpriu bem a sua nova tarefa no primeiro tempo e interveio repetidamente na preparação do jogo dos anfitriões. Apesar das novas ideias, a seleção alemã mostrou a cara do passado durante longos períodos do jogo. Foi mais uma vez um desempenho sem emoção, burocrático e decepcionante que a equipe apresentou.

Os assobios vindos das arquibancadas finalmente reconheceram uma derrota merecida contra o Japão – o quinto jogo consecutivo sem vitórias da seleção alemã.

"Fazemos um bom trabalho"

Mesmo com as novas mudanças e ideias, a comissão técnica não conseguiu botar em campo a indiscutível classe individual dos jogadores. "Talvez tenhamos que admitir que atualmente não estamos no mesmo nível de seleções como o Japão”, disse Gündogan após o jogo, afirmando que neste momento os alemães estão "a quilômetros de distância" da qualidade almejada.

Mesmo assim, o capitão da equipe expressou apoio ao treinador e voltou a exigir uma reação dos jogadores. Matthäus viu as coisas de forma diferente em seu comentário na RTL: "Nos últimos meses não há muitas pessoas na DFB apoiando Hansi. Duvido que ele ainda possa ser mantido".

O próprio Flick acreditava que ainda estava no caminho certo: "Eu sou o treinador certo", disse, garantindo que ele e sua equipe técnica estavam "fazendo um bom trabalho".

md (dw, ots)