Fazendeiros promovem bloqueios em cidades alemãs
22 de outubro de 2019Milhares de agricultores promoveram manifestações em 17 cidades da Alemanha nesta terça-feira (22/10) em protesto contra um pacote do governo federal que visa reduzir o uso de agrotóxicos e de certos tipos de fertilizantes.
O movimento foi organizado pelo grupo "O Campo Promove Conexão". Segundo os organizadores, pelo menos 40 mil agricultores participaram dos atos. Vários se dirigiram para as cidades com seus tratores, promovendo bloqueios no trânsito.
O epicentro do protesto foi a cidade de Bonn, a antiga sede do governo federal alemão, onde o Ministério da Agricultura ainda está sediado. Pelo menos 800 tratores bloquearam o trânsito nas vias da cidade, localizada no oeste do país. Protestos similares com tratores também foram registrados em Berlim, Munique, Hanover e Stuttgart.
Ainda em Bonn, 4 mil agricultores se reuniram em uma praça da cidade – um número menor do que o esperado pelos organizadores, que esperavam pelo menos 10 mil pessoas. Em Berlim, dezenas de tratores circularam em volta da Coluna da Vitória, um dos principais pontos turísticos da capital.
Na mira dos agricultores está uma série de medidas anunciadas pelo governo federal em setembro. O pacote pretende reduzir o uso de certos tipos de fertilizantes para diminuir os níveis de nitrato dos lençóis freáticos, e prevê o abandono do herbicida glifosato (também conhecido pelo nome comercial Roundup) até 2023.
Vários agricultores entrevistados pela imprensa alemã afirmaram que o pacote tem o potencial de arruinar pequenos agricultores familiares. Eles temem que um controle maior sobre o uso de fertilizantes acabe provocando uma diminuição da produção, especialmente em áreas de solo pouco fértil.
Vários fazendeiros também expressaram frustração com o discurso ambientalista e disseram que não estão sendo consultados pelo governo sobre medidas que afetam suas atividades.
Um comunicado divulgado pelos organizadores afirma que os agricultores alemães estão fartos de serem tratados como "bode expiatório" e "abusadores de animais e poluidores" por ONGs e grupos políticos. "O clima negativo permanente e a agressão aos fazendeiros vêm provocando raiva e frustração na profissão."
O documento ainda menciona a preocupação dos agricultores com o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, afirmando que o pacto e seu potencial de trazer ao mercado alemão mais "produtos importados baratos [...] ameaça o fornecimento de alimentos seguros, de alta qualidade e certificados localmente".
Um dia antes do protesto, a ministra da Agricultura da Alemanha, Julia Klöckner, tentou acalmar os ânimos expressando simpatia pela causa dos fazendeiros. "Nossas agricultores familiares asseguram que sempre há comida em nossas mesas", disse à rede ZDF.
Por outro lado, ela também defendeu o pacote e falou da necessidade de proteger o meio ambiente e a qualidade dos alimentos. "Nós estamos do lado dos fazendeiros, mas também dos consumidores."
JPS/dpa/afp/ots
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