Farc libertam combatentes menores de idade
11 de setembro de 2016O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) recebeu um segundo grupo de menores libertados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como parte do compromisso firmado nos diálogos de paz entre o grupo armado e o governo do país.
Este é o primeiro passo para que todos os adolescentes abandonem as fileiras da guerrilha, como combinado em 15 de maio. Até então, as Farc liberaram 13 menores, os quais foram recebidos por uma missão formada por membros do CICV e dois delegados das organizações sociais integrantes da mesa técnica encarregada de monitorar o cumprimento do acordo.
Segundo o pacto firmado entre o governo e as Farc, o CICV está encarregado de uma avaliação preliminar do estado de saúde físico e mental dos jovens. Além disso, verificará suas identidades e informações pessoais básicas, antes de entregá-los a uma equipe de recepção formada por membros do Unicef.
O órgão das Nações Unidas terá locais transitórios de amparo, onde os adolescentes serão submetidos a uma segunda avaliação médica e psicológica. Depois seguem para atividades preparatórias á reinclusão social. O primeiro grupo, de oito integrantes, já teve seu bom estado de saúde certificado pela Unicef.
O CICV destacou que a discrição é chave para esse tipo de missão, devido ao envolvimento de menores de idade. Por isso pediu-se que o povo colombiano e a imprensa respeitem as medidas para preservação da identidade das vítimas.
Líderes rebeldes temem por segurança
Não está claro quantos dos estimados 7 mil guerrilheiros das Farc são menores de idade. O negociador-chefe dos rebeldes, conhecido pelo pseudônimo "Ivan Márquez", afirmou em maio haver 21 soldados com idade inferior a 15 anos nos acampamentos da milícia. Alguns funcionários do governo, no entanto, estimam que o real contingente esteja próximo de 200.
Há tempo as Farc têm enfrentado acusações de violar os direitos humanos, forçando menores de idade para se juntarem à milícia. Segundo o Procuradoria Geral da Colômbia, estima-se que cerca de 12 mil deles foram ilegalmente recrutados entre 1975 e 2014.
Durante as negociações de paz, realizadas em Cuba em 2015, os rebeldes anunciaram ter elevado de 15 para 17 anos a idade mínima para os recrutas. Já em maio, as equipes de negociação do governo da Colômbia e das Farc assinaram um acordo para tirar todas as crianças e adolescentes da guerrilha, facilitando sua reintegração à vida civil.
A transferência não se concretizara até agora devido às preocupações de segurança dos líderes das Farc: eles temem que os jovens combatentes sejam interrogados pelas autoridades, com o fim de localizar e atacar acampamentos da milícia.
Em 24 de agosto, Farc e governo da Colômbia firmaram um acordo de paz a ser assinado em 26 de setembro, em ato solene. Em seguida, em 2 de outubro, o pacto será ainda submetido à consulta popular, através de referendo.
PV/efe/lusa/ap