Exportação de armas na Alemanha bate recorde em 2023
27 de dezembro de 2023O governo da Alemanha autorizou em 2023 a exportação de pelo menos 11,71 bilhões de euros (R$ 62,83 bilhões) em arsenal militar, um valor recorde.
Os números abrangem o período de 1º de janeiro a 12 de dezembro, quando foram exportados 6,15 bilhões de euros em armas (R$ 33 bilhões) e 5,57 bilhões de euros em outros bens militares (R$ 29,89 bilhões).
Em relação ao recorde anterior, de 9,35 bilhões de euros (R$ 50,18 bilhões) em 2021, o salto nas exportações foi de 25%. Já em relação a 2022, o crescimento foi de 40%.
Mais de um terço das remessas aprovadas em 2023 foi destinada à Ucrânia para a defesa contra os invasores russos, totalizando 4,15 bilhões de euros (R$ 22,27 bilhões).
Os números foram informados pelo Ministério da Economia em resposta a um requerimento da deputada Sevim Dağdelen, aliada de Sahra Wagenknecht (ex-A Esquerda).
Ao assumir o governo no final de 2021, a coalizão entre sociais-democratas, verdes e liberais concordou, por pressão dos dois primeiros, a trabalhar para restringir e regulamentar a exportação de arsenais militares.
A guerra na Ucrânia, contudo, virou do avesso a política de defesa da Alemanha. A proibição autoimposta de fornecer armas para um conflito em andamento foi revista pelo chanceler e social-democrata Olaf Scholz em fevereiro de 2022.
Os maiores destinatários do arsenal de guerra alemão
No primeiro ano de guerra na Ucrânia, foram aprovados fornecimentos de armas no valor de 2,24 bilhões de euros para Kiev (R$ 12,02 bilhões), incluindo sistemas de defesa aérea e artilharia pesada. Neste ano, a Ucrânia viu esse valor quase dobrar e conseguiu ainda, após longa hesitação do lado alemão, tanques de combate do tipo Leopard 2.
Mesmo se descontada a Ucrânia, o governo alemão ainda autorizou 7,56 bilhões de euros (R$ 40,57 bilhões) em exportações, marca que só foi superada outras três vezes nos 16 anos de Angela Merkel (2005-2021) no poder.
Na lista dos principais importadores estão, depois da Ucrânia, a Noruega com 1,20 bilhão de euros (R$ 6,44 bilhões), a Hungria com 1,03 bilhão de euros (R$ 5,53 bilhões), o Reino Unido com 654,9 milhões de euros (R$ 3,51 bilhões), os Estados Unidos com 545,4 milhões de euros (R$ 2,93 bilhões) e a Polônia com 327,9 milhões de euros (R$ 1,76 bilhão) – todos são membros da Otan.
Em sétimo lugar está Israel, com 323,2 milhões de euros (R$ 1,73 bilhão) – cerca de dez vezes mais do que os 32 milhões de euros de 2022 (R$ 171,73 milhões). A maior parte das mais de 200 licenças individuais foi concedida, segundo informações anteriores do ministério, após o ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro, e abarca principalmente componentes de defesa aérea e equipamentos de comunicação.
Além de Israel, a Coreia do Sul, com 256,4 milhões de euros (R$ 1,38 bilhão), é o único país no top 10 das exportações militares da Alemanha que não faz parte da Otan.
Países árabes responderam por uma fatia bem menor das exportações. A lista inclui os Emirados Árabes Unidos com 78,2 milhões de euros até 30 de novembro (R$ 419,66 milhões), o Egito com 40,3 milhões (R$ 216,27 milhões), o Catar com 15,1 milhões (R$ 81,03 milhões) e a Arábia Saudita com 13,3 milhões (R$ 71,37 milhões).
Exportações a países árabes são controversas dentro da coalizão de governo alemã por causa da situação dos direitos humanos nessa região e de conflitos regionais.
Diante dos números, o líder dos verdes, Omid Nouripour, pressionou por um rápido acordo da coalizão sobre a regulamentação de exportações. "É preciso que avancemos com a lei de controle de exportação de arsenal militar", afirmou à agência de notícias dpa.
Já o oposicionista e conservador Roderich Kiesewetter, da CDU, pediu que a coalizão reveja o bloqueio da venda de caças Eurofighter à Arábia Saudita, argumentando que seria ruim para o Ocidente se o país acabar se aliando à China.
ra/le (dpa, ots)