Ex-ministra alemã perde título de doutora por plágio
10 de junho de 2021A ex-ministra da Família da Alemanha Franziska Giffey (2018-21) foi destituída do título de doutora, após a Universidade Livre de Berlim (FU) ter concluído, "unanimemente, em seguida a deliberação abrangente", que sua tese foi baseada em "falsidade quanto à autonomia de seu desempenho científico". Em outras palavras: plágio.
A perda do grau acadêmico representa um duro golpe pessoal para a política social-democrata, que nas eleições de setembro próximo concorre ao cargo de prefeita de Berlim. "Aceito essa decisão", declarou nesta quinta-feira (10/06), após a divulgação da retirada do título.
Giffey, no entanto, sustenta sua afirmativa de que "redigi o trabalho entregue em 2009 segundo meu melhor saber e consciência". Apesar de lamentar "erros" que possam lhe ter escapado durante a redação da tese, "estes não foram nem intencionais, nem planejados".
Segundo a FU, textos e dados bibliográficos de outros autores foram reproduzidos sem serem suficientemente identificados como tal. A doutoranda teria "agido de modo pelo menos parcialmente intencional", e seu trabalho não satisfaria "as exigências da boa prática científica".
Candidatura como prefeita mantida
Após um primeiro processo, em outubro de 2019, ela apenas recebera uma reprimenda da instituição de ensino superior. Contudo o caso foi reaberto em novembro de 2020, e em reação a esse novo escrutínio a ministra anunciou que deixaria de usar o titulo de doutora. Além disso, se a universidade decidisse destituí-la, também deixaria o cargo. Em 19 de maio, Giffey de fato renunciou à chefia da pasta da Família.
Apesar do escândalo acadêmico, a política de 43 anos segue com a candidatura pela prefeitura da capital alemã. O Partido Social-Democrata (SPD) mantém seu apoio "na campanha eleitoral e pelo futuro da cidade", comunicou o colíder estadual do partido Raed Saleh. Segundo ele, os berlinenses é que vão decidir "a quem confiarão a Prefeitura Vermelha".
O caso de Franziska Giffey não é único, e sequer raro, na política alemã. Entre os antecedentes mais notórios, estão os dos então ministros da Defesa Karl-Theodor zu Guttenberg e da Educação Annette Schavan, assim como da vice-presidente do Parlamento Europeu Silvana Koch-Mehrin, que perderam o doutorado por plágio e renunciaram aos cargos entre 2011 e 2013.
Até mesmo a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, e o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, foram confrontados com acusações de fraude, mas que em seus casos foram avaliadas como meros erros de citação.
av/ek (AFP, DPA)