Ex-diretor da Odebrecht confirma doações a campanhas no Peru
26 de abril de 2018O ex-diretor da Odebrecht para América Latina e Caribe, Luiz Mameri, confirmou nesta quarta-feira (25/04) que a construtora brasileira forneceu contribuições ilícitas para as campanhas eleitorais do ex-presidente do Peru Ollanta Humala e da líder da oposição Keiko Fujimori, que disputavam a presidência em 2011.
Segundo o portal peruano de notícias IDL Reporteros, Mameri foi interrogado em São Paulo por promotores peruanos que investigam supostas lavagens de dinheiro de Humala e Fujimori após receberem contribuições irregulares para suas campanhas eleitorais.
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O ex-diretor disse ter recebido um telefonema do presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, ordenando o pagamento de 3 milhões de dólares para a campanha de Humala, em 2011, nas eleições em que ele derrotou Fujimori.
Mameri deveria aprovar os pagamentos "não contabilizados" com fundos das Operações Estruturadas da empresa. Ao comunicar a ordem para a Odebrecht no Peru, o então superintendente da empresa no país, Jorge Barata, teria se oposto ao envio do dinheiro, afirmando se tratar de "números exorbitantes" e temendo a reação dos demais candidatos.
Segundo o portal de notícias peruano, Mameri disse que em uma teleconferência com Marcelo Odebrecht e Barata, foi acertado a entrega de 500 mil dólares para a campanha de Fujimori. Mameri, porém, disse não se lembrar se a ordem foi pagar os 500 mil dólares a Fujimori ou acrescentar esse valor a uma quantia paga anteriormente. Mas, segundo o IDL Reporteros, ficou claro que ele autorizou o pagamento.
Humala e a esposa, Nadine Heredia, presos em julho do ano passado, aguardam a decisão do Tribunal Constitucional peruano sobre seu pedido de habeas corpus para continuar o processo em liberdade.
Fujimori é investigada por suposta lavagem de dinheiro pela contribuição não declarada de empresas – entre estas, a Odebrecht – durante suas últimas campanhas eleitorais.
A advogada de Fujimori, Giuliana Loza, afirmou que Mameri não confirmou a entrega de dinheiro. Ele apenas teria confirmado que recebeu um e-mail de Barata pedindo a solicitação da contribuição a para campanha, "sem especificar beneficiários ou valores". Ela destacou ainda que o ex-diretor disse não conhecer Fujimori, e que nunca teria se reunido ou conversado com ela.
Keiko é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que governou o país entre 1990 e 2000, condenado a 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade. Em dezembro do ano passado, ele recebeu um indulto humanitário do ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, após uma junta médica avaliar que sofria de uma "doença progressiva, degenerativa e incurável".
Kuczynski acabou renunciando em março deste ano, após ser acusado de envolvimento no escândalo de corrupção protagonizado pela Odebrecht no país.
RC/efe/abr
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