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Europa teme corrida armamentista

1 de fevereiro de 2019

Anúncio da retirada dos EUA de acordo de desarmamento com a Rússia provoca temor de disputa aos moldes da Guerra Fria. Na UE, todos se dizem favoráveis ao diálogo com Moscou, mas há poucas esperanças de renegociação.

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Panorama da reunião dos ministros do Exterior da UE na Romênia
Reunião informal dos ministros do Exterior da UE em Bucareste, na RomêniaFoto: Ministry of Foreign Affairs Romania

A data era anunciada, a retirada dos EUA do Tratado INF já estava decidida há muito tempo. As reações na União Europeia vão do receio de uma nova corrida armamentista ao alerta de que é necessário se fazer todos os esforços para mantê-lo vivo - o acordo vence oficialmente em 2 de agosto. Mas até agora não há iniciativas concretas para isso.

O ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, tentou nas últimas semanas. Ele foi a Moscou para conversar com o chanceler russo, Serguei Lavrov, mas acabou batendo com a cara na porta. O resultado de suas conversas com as autoridades de Washington foi semelhante.

No nível de um ministro alemão do Exterior ainda pouco experiente, pouco podia ser feito. Talvez tivesse sido esse mais um caso para Angela Merkel, que poderia conversar com Vladimir Putin e avaliar se e quais possibilidades existem para uma retomada das negociações.

Uma iniciativa alemã concreta mencionada por Maas é uma conferência sobre desarmamento planejada para março em Berlim, que, no entanto, não deverá abordar mísseis de médio alcance, mas ameaças para o futuro, como drones de combate, robôs assassinos e novos sistemas bélicos semelhantes.

Maas afirma que a China deve estar envolvida em tais conversas, justificando que o país está envolvido de forma significativa no rearmamento internacional. Ele espera que este seja o primeiro impulso para novos acordos de desarmamento. Entretanto, ainda é incerto se sequer os principais atores aceitarão o convite.

"A Guerra Fria acabou", respondeu o ministro do Exterior, questionado sobre se a história poderia se repetir na Europa. "As respostas daquela época são completamente inadequadas para responder aos desafios de hoje", completou.

Entretanto, o antecessor dele não está tão certo sobre isso. Sigmar Gabriel declarou ao jornal Der Tagesspiegel que vê o fim do Tratado INF como uma ameaça iminente à unidade da UE, como um possível dispositivo explosivo para a política europeia de exterior e de segurança.

Pois os interesses podem se distanciar, segundo Gabriel: os países da Europa Oriental têm dúvidas sobre a disposição dos vizinhos ocidentais em defendê-los contra a Rússia. Por isso, diz Gabriel, a UE deveria estacionar lá mais tropas convencionais e assumir mais responsabilidade. Por outro lado, os europeus deveriam, de acordo com ele, instar os EUA a permitirem inspeções de suas próprias armas nucleares, para tentar levar a Rússia a ser mais transparente.

Ao se ouvir o ministro do Exterior da Lituânia, Linas Linkevicius, ficam claras as divergências de pontos de vista a respeito do Tratado INF. "Há evidências claras há anos de que a Rússia viola o tratado. Eu atribuo culpa só a um lado", disse o lituano, acrescentando que há anos os americanos vinham tentando fazer com que os russos retornassem ao acordo e que o INF é apenas um de uma lista de pactos violados por Moscou.

"Uma nova corrida armamentista traz menos estabilidade, mais incertezas e é ruim, mas qual é a alternativa?", perguntou Linkevicius, acusando os russos de constantemente ultrapassarem todas as linhas vermelhas. Os países bálticos e vizinhos como a Polônia são considerados os primeiros e voluntariosos candidatos a receberem mísseis americanos de médio alcance na Europa, caso isso aconteça.

O ministro do Exterior de Luxemburgo, Jean Asselborn, tomou a liberdade de fazer uma formulação mais incisiva, como representante de um pequeno país. "Geograficamente, somos as maiores vítimas, caso uma corrida bélica volte à ordem do dia. A Europa será afetada", avaliou, ponderando que os europeus não podem fazer mais do que atuarem como mediadores entre Washington e Moscou, porque a UE está entre as duas grandes potências. "Um debate aqui na Europa sobre a corrida armamentista, no entanto, vai destruir a UE novamente e enfraquecê-la no final", alertou.

A chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, também deixou claro que a Europa foi a mais beneficiada pelo Tratado INF e, portanto, tem mais a perder. "Os tempos em que éramos considerados um campo de batalha, o terreno no qual as superpotências se enfrentavam, são história. Não queremos nem pensar que a coisa possa regredir." Mas assim ela expressou, em igual medida, tanto a esperança como os receios dos europeus.

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