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Tratado entre EUA e Rússia deve ser renegociado

Foto de Udo Bauer
Udo Bauer
22 de outubro de 2018

Trump quer sair do acordo de controle de armas nucleares INF, assinado em 1987, porque a Rússia já o viola há vários anos. Só que isso pode originar uma nova corrida armamentista, opina o jornalista Udo Bauer.

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Foto de mísseis Pershing II
Mísseis Pershing II podem voltar a ser realidade na EuropaFoto: Frank Trevino/US Department of Defense

Há pelo menos quatro anos que os Estados Unidos sabem que a Rússia tem violado o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), que proíbe mísseis nucleares terrestres capazes de percorrer distâncias entre 500 e 5.500 quilômetros. Os russos transformaram um sistema de mísseis aprovado, o Iskander, num proibido, o SSC-8.

Diante de tais acusações do Ocidente, os russos reagem da forma que sempre fizeram: primeiramente negam que os novos sistemas sejam proibidos pelo acordo, depois apontam o dedo para o outro lado, por exemplo afirmando que a Otan está fazendo o mesmo com seu sistema de defesa antimísseis na Romênia.

Segundo os russos, embora se afirme que tal sistema esteja direcionado contra armas iranianas, ele poderia ser usado como sistema de ataque contra a Rússia, e Moscou teria que reagir a isso.

Com em tantas outras vezes, há algo de verdade em ambas as versões. A única pergunta que resta é como lidar com isso. Como se sabe, Donald Trump não é uma pessoa de nuances. Ele só consegue fazer uma coisa: gritar e ameaçar. O orgulho dos russos, por outro lado, exige que eles respondam também gritando.

Trump quer marcar pontos entre seus eleitores pouco antes das eleições de meio de mandato, e Putin tem que revidar para não parecer um covarde diante de seus compatriotas.

Essa fanfarronice entre dois machos alfa está levando o mundo de volta ao início dos anos 1980, época da grande corrida armamentista entre a Otan e o Pacto de Varsóvia. O tratado INF, de 1987, foi na ocasião um marco porque apontava uma saída para a espiral armamentista.

Naquela época, eu era um estudante universitário. Para mim, a destruição dos mísseis Pershing II, pelo lado ocidental, e SS 20, pelo Leste, foi um passo importante para a paz e a reconciliação. E eu não gostaria de voltar ao início da década de 1980.

No entanto, encontrar uma saída seria algo relativamente fácil: em vez de rescindir o tratado, Otan e Rússia deveriam se reunir, como fizeram no passado, e deliberar sobre como ele poderia ser salvo. Muitos vão agora se mostrar pessimistas e dizer que falta confiança mútua: os russos anexaram a Crimeia e atacaram o leste da Ucrânia – como se pode confiar neles?

Pelo lado da Rússia, vai-se dizer "como se pode confiar na Otan?", considerando que a aliança ocidental está realizando as maiores manobras desde o fim da Guerra Fria na Escandinávia e está estacionando cada vez mais soldados e armas na sua fronteira oriental?

Por outro lado, em 1987, a confiança mútua entre Rússia e Ocidente não era particularmente forte. Mesmo assim, tornou-se o mundo mais seguro diminuindo o número de armas. Hoje isso também é possível. Então sentem à mesa e negociem!

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