Europa celebra 400 anos de Rembrandt
4 de agosto de 2006Desde Leiden, a cidade natal, até Amsterdã, onde Rembrandt Harmenszoon van Rjin (1606-1669) viveu seus últimos anos, passando por Haia, Barcelona, Frankfurt, Berlim, Kassel e Londres, numerosas cidades européias festejam os 400 anos de nascimento do artista holandês, transcorridos em 15 de julho último.
A National Gallery de Londres celebra o evento exibindo os quadros do pintor em seu acervo e complementando-os com obras de seus discípulos. A cidade de Kassel (palco da mostra de arte contemporânea Documenta) também mostra diferentes aspectos da personalidade e da obra do homenageado, incluindo suas paisagens e as 34 telas da pinacoteca do Castelo Wilhelmshöhe.
Trilogia berlinense
Os museus estatais de Berlim marcam o quadricentenário com uma trilogia de exposições.
De 4 de agosto a 5 de novembro de 2006, o Kulturforum da Praça de Potsdam dedica seu espaço às pinturas, desenhos e gravuras em grande formato. A Gemäldegalerie apresenta a maior mostra do artista holandês deste ano: Rembrandt, gênio à procura, com cerca de 80 quadros de todo o mundo.
Em Rembrandt, um virtuose da gravura, o Kupferstichkabinett abre seus acervos para enfocar as gravuras em cobre do artista. Os museus prometem acompanhar as exposições com católogos fartamente ilustrados e análises científicas profundas.
Um ponto alto da programação paralela em Berlim é o simpósio com especialistas internacionais, em 4 e 5 de novembro, que incluirá a apresentação dos resultados parciais do Rembrandt Research Project, dedicado a separar o joio do trigo na obra deste pintor, um favorito dos falsificadores.
A cara da mãe
Rembrandt realizou quase cem auto-retratos ao longo de sua carreira, assim como descrições da vida dos ricos e dos pobres ao seu redor. Um outro motivo pictórico freqüente é a sua mãe: nenhum outro artista do século 17 dedicou tantos quadros à progenitora.
O mais famoso dentre eles é Velha lendo, que mostra uma mulher de cara redonda e nariz largo, inclinada sobre o que parece ser uma Bíblia em hebraico. O Museu De Lakenhal, de Leiden, abriu o jubileu do pintor com a exposição A mãe de Rembrandt – Mito e realidade.
Aqui o espectador se transformava em detetive: com a ajuda de originais, falsificações, retratos, esboços e material de arquivo, podia-se armar um quadro da venerável modelo de Rembrandt e compará-lo com as descrições que chegaram a nós.
"Rembrandt não era pintor"
Como não poderia deixar de ser, o Rijksmuseum de Amsterdã ostenta uma programação intensa até o fim do ano. Juntamente com todas as pinturas e desenhos rembrandtianos em seu poder e uma mostra comparativa Rembrandt-Caravaggio, a instituição dedica toda uma exposição apenas às falsificações do mestre.
Porém nem tudo são telas, tintas e papéis: o programa inclui até mesmo uma instalação teatral do famoso cineasta britânico Peter Greenaway, Nightwatching. Como declarou o diretor de O livro de cabeceira (1996) em entrevista recente ao jornal Die Zeit: "Rembrandt não era pintor", mas sim deveria ter se tornado diretor de teatro.
Para Greenaway – que também é artista plástico –, o famoso A vigília noturna não é uma pintura, mas sim "uma peça teatral, uma representação loucamente viva". Através de som e vídeo, o diretor revela essa dimensão, convidando o público a participar de uma conspiração de morte.
Nos passos do mestre
O ano do aniversário coincide com a estréia de dois musicais em Amsterdã: um sobre a acidentada vida amorosa e outro sobre o espírito criador do mestre do claro-escuro.
A capital holandesa organiza ainda uma série de excursões a pé pelas estações da vida de Rembrandt, atravessando os numerosos canais da cidade e outros locais favoritos.
Para os fãs inveterados do pintor barroco, o melhor é reservar logo um dos vários pacotes turísticos oferecidos na internet, por exemplo: quatro dias de Rembrandt, saindo de Haia de ônibus e com visitas guiadas por Leiden e Amsterdã.