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EUA tentam convencer Ucrânia a retomar conversas com Moscou

6 de novembro de 2022

Segundo "Washington Post", Casa Branca pede retomada das negociações de paz de modo a garantir continuidade do apoio internacional a Kiev. Iniciativa esbarra na resistência do presidente Zelenski.

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Presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, recebe em Kiev o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan
Presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, recebe em Kiev o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake SullivanFoto: Ukrainian Presidential Press Office/AP Photo/picture alliance

Uma reportagem do jornal americano The Washington Post revelou neste sábado (05/11) que o governo dos Estados Unidos estaria tentando, através de canais de comunicação privados, convencer os líderes ucranianos a retomarem as negociações com a Rússia.

Segundo o jornal, a Casa Branca tenta persuadir Kiev a abandonar sua posição de rejeitar conversações de paz até que o presidente russo, Vladimir Putin, não esteja mais no poder.

Pessoas próximas às discussões relataram que o pedido das autoridades americanas não seria uma tentativa de forçar a Ucrânia a voltar á mesa de negociações. Ao contrário, trata-se um esforço calculado para assegurar que Kiev continue recebendo apoio internacional, em meio ao questionamento em alguns países de que o suporte dado aos ucranianos estaria fomentando uma guerra que poderá durar muitos anos ainda.

Segundo a reportagem, a tentativa americana ilustra a posição complexa da Casa Branca em relação à Ucrânia: ao mesmo tempo em que se compromete publicamente a apoiar Kiev "pelo tempo que for necessário", Washington torce por uma resolução do conflito que abalou a estabilidade econômica mundial e gerou novos temores de uma guerra nuclear.   

De acordo com o Post, as autoridades americanas compartilham da opinião de seus colegas ucranianos de que Putin não cogita levar a sério as negociações.

Por ouro lado, eles avaliam que a recusa do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em se envolver nas conversações gera preocupação em partes da Europa, África, e América Latina, regiões particularmente abaladas pelas consequências da guerra, como o aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis.

"Indisposição" do Kremlin

"A fatiga em relação à Ucrânia é algo real para alguns de nossos parceiros", afirmou ao Post uma das fontes anônimas da reportagem.

Até a publicação deste artigo, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca não havia confirmado a autenticidade das informações divulgadas pelo jornal.

Um porta-voz do Departamento de Estado, porém, afirmou na última sexta-feira que "as ações falam mais alto do que as palavras. Se a Rússia está pronta para negociar, deve cessar os bombardeios e os mísseis e retirar suas forças da Ucrânia".

"O Kremlin continua a agravar essa guerra, demonstrando sua indisposição para se envolver com seriedade em negociações desde antes da invasão da Ucrânia".

O porta-voz lembrou as palavras ditas por Zelenski na última sexta-feira: "estamos pronto para a paz, para uma paz equitativa e justa, cuja fórmula já expressamos muitas vezes".

Zelenski exige respeito

Em pronunciamento à nação, Zelenski disse que "o mundo conhece a nossa posição, que é o respeito ao estatuto da ONU, nossa integridade territorial e o nosso povo".

Jake Sulivan, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, afirmou durante visita a Kiev na sexta-feira que o apoio americano aos ucranianos continuará "inabalável e inflexível", mesmo após as eleições legislativas nos Estados Unidos nesta semana.

rc (Reuters, AP)